quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Menor vai à polícia e acusa irmão da governadora


Leva o nº 0043/2008.000328-3 e foi lavrado na manhã do dia 29 de setembro do ano passado o Boletim de Ocorrência em que João Carlos de Vasconcelos Carepa, 50 anos, é acusado de cometer atos libidinosos contra uma adolescente de 13 anos de idade.
Clique na imagem ao alto para visualizar melhor o BO. As tarjas pretas foram apostas pelo próprio blog sobre o nome da menor e sua mãe, que nesta postagem serão identificadas apenas pelas iniciais.
O blog entende que em casos como esse, em que menores são envolvidos, é conveniente omitir-se a plena identidade também dos pais e dos responsáveis pela criança. Por um motivo simples: se uma criança molestada sexualmente é nominada apenas pelas iniciais, muitos saberão quem ela é se forem revelados os nomes de seus pais.
E crianças molestadas sexualmente fazem parte de famílias que podem até não ser celebridades, mas são conhecidas na rua, no bairro, no clube, na escola e em outras coletividades. Se seus nomes são referidos apenas pelas iniciais, mas os de seus pais são divulgados por extenso, muitos saberão quem é a criança, que assim terá, inevitavelmente, sua intimidade ainda mais exposta e devassada.
O blog também entendeu conveniente evitar a identificação da mulher de João Carlos, por entender que, até mesmo por sua condição de madrinha da menor, nenhuma participação teve nas ocorrências e, portanto, não pode ser submetida ao constrangimento de ter seu nome revelado.
De volta à ocorrência.

Mãe e filha foram à polícia relatar ocorrências
Quem foi à polícia para relatar os fatos foi M.B.A., a mãe da menor. Ela foi ouvida pela escrivã Hosanas Galvão de Moura Silva, na Unidade do ProPaz que funciona na Santa Casa de Misericórdia do Pará e tem como titular a delegada Simone Edoron Machado.
A existência do Boletim de Ocorrência contra João Carlos, o Caica, irmão da governadora Ana Júlia Carepa, foi revelado primeiramente pela coluna “Repórter Diário”, do Diário do Pará, em sua edição de domingo passado. O jornal informa que o líder do PSDB, José Megale protocolou na CPI da Pedofilia, em funcionamento na Assembléia Legislativa do Estado, um requerimento em que pede investigações sobre o caso.
Além do Boletim de Ocorrência, que você pode ver na imagem ao alto, foi lavrado pela delegada Simone Machado um termo de representação, que pode ser visto na imagem acima. No termo, a própria menor descreve de forma detalhada e circunstanciada os atos libidinosos que teriam sido praticados por João Carlos.
O blog também não vai descrever os atos libidinosos, por entender que isso é extremamente constrangedor e, no caso de uma notícia jornalística, é desnecessário. Para peritos, convém descrevê-los à exaustão. Para uma notícia jornalística em que está em jogo a intimidade de uma menor, não. Atos libidinosos são atos libidinosos. Todo mundo sabe quais são. No caso, é importante destacar que o molestamento contra a menor consistiu em atos libidinosos diversos da conjunção carnal, ou seja, não houve relação sexual entre o acusado e a adolescente.

Assédio em quatro oportunidades
A garota, segundo ela mesma contou a polícia, vinha sendo bolinada desde o ano de 2007, quando tinha ainda 11 anos de idade. M.B.A., a mãe, disse que a esposa de João Carlos é sua prima e madrinha da garota.
A adolescente contou que foi molestada em quatro oportunidades, a última delas em junho do ano passado. A primeira vez foi em julho de 2007, quando a menor se encontrava em Salinas, na casa de seus avós paternos.
“A segunda situação”, narra o termo de representação, “ocorreu quando [a menor] acompanhou Caica para ver uma apresentação do circo da China no Hangar”. Nesse dia, contou a menor, sua madrinha (esposa de Caica) telefonou a M.B.A. oferecendo ingressos para que fosse ao circo. O próprio Caica é quem levaria a menor. A menina respondeu que só gostaria de ir se sua mãe fosse. Como a mãe de V.B.A. não poderia ir, insistiu com a filha para que fosse sozinha com Caica, em quem confiava, porque era “como um membro da família”. A garota afirma ter sido bolinada pelo acusado no carro, tanto na ida para o circo como na volta.
O terceiro episódio ocorreu numa ida de adolescente ao Supermercado Líder. Na quarta vez, a adolescente afirma ter sido assediada na casa do próprio João Carlos, “quando a filha do mesmo chegou dos EUA”.
A garota revelou à polícia que “sentia medo de contar para seus pais, por isso suportou os segredos por tanto tempo.” Disse ainda que tem repulsa a João Carlos, mas pena da própria madrinha. Acrescentou ainda que, “em decorrência dos atos libidinosos de que foi vítima, passou a não querer namorar com meninos, pois até hoje acha que qualquer homem que se aproxime de si são (sic) com outras intenções.”

Acusado prefere guardar silêncio
O Espaço Aberto tentou ouvir João Carlos de Vasconcelos Carepa. Para isso, entrou em contato por telefone, na última terça-feira, com um de seus irmãos, Arthur de Vasconcelos Carepa, que trabalha como assessor concursado na Assembléia Legislativa do Estado.
Arthur, gentilmente, atendeu ao poster e prometeu consultar o irmão sobre se queria se manifestar. A promessa foi cumprida. Ontem à tardinha, veio a resposta: “Ele [Caica] prefere não se manifestar sobre o assunto”, informou Arthur.
Não se sabe, até agora, se o termo de representação formulado pela menor e sua representante legal, no caso sua mãe, deu origem à instauração de um inquérito, para o posterior oferecimento ou não de uma denúncia (ação penal).
Como o caso está afeto à Delegacia de Atendimento ao Adolescente (Data), o poster entrou em contato, terça-feira e ontem, com a delegada Socorro Maciel. Em todas as oportunidades, a delegada, segundo informações, encontrava-se em intermináveis reuniões, nesta fase de transição entre a saída do delegado-geral Justiniano Alves Júnior e a posse de seu substituto, Raimundo Benassuly.
Mas o blog continuará insistindo, em busca da informação sobre se foi aberto ou não o inquérito que o caso exige.

8 comentários:

Anônimo disse...

Só falta, agora, o delegado Raimundo Benassuly dizer que as menores molestadas eram desequilibradas mentais, como disse daquela menina que ficou presa numa cela cheia de homens.

Anônimo disse...

É de arrepiar.
Espera-se que:
- a irmã governadora mantenha-se isenta;
- os "abutres" não misturem e explorem politicamente o assunto.
- que os orgãos competentes façam suas obrigações constitucionais com a devida responsabilidade e isenção.

em tempo: correta e isenta, como sempre, a postura do blog.

Poster disse...

Newstein,
É provável que o nome grafado erradamente tenha sido um equívoco.
Vamos acreditar que sim.
Abs.

Franssinete Florenzano disse...

Paulo, parabéns pelo furo e pela notícia tratada com responsabilidade e isenção, aliás, como sempre foi sua postura. Você é um grande profissional e tenho orgulho de ser sua colega e amiga. Grande abraço.

Anônimo disse...

Pois é, uma família realmente interessante a da Governadora .

Anônimo disse...

Acho que o planejamento feita na Alameda Moreira da Costa está funcionando... Os bombeiros começam a entrar em ação jogando agua na fogueira...
Pelo visto Seffer vai se sair muito bem nesta CPI!!!!

Anônimo disse...

Coincidência que este fato tenha vindo à tona, após a denúncia contra o deputado Sefer, não?
Sefer tá escarafunchando a vida de todos os deputados e autoridades para tirar o dele da reta.
Ele irá usar todos os meios e armas disponíveis para abafar o caso, ou tirar o foco.

Anônimo disse...

bom todos sabemos que no brasil a justiça so vale para os pobres e nada mas então isso não vai da em nada . nosso governo esuper corrupito.