sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ENTENDA O CASO

No AMAZÔNIA:

SÁBADO - 17
19h30 - Homens armados assaltam uma loja de roupas na estrada do Curuçambá, bairro do Paar. O cabo da Polícia Militar Paulo Sérgio da Cunha Nepomuceno, de 32 anos, integrante da Rotam, morre atingido por seis tiros. As investigações apontam que o policial fazia a segurança de um cobrador que estava na loja. Cunha foi reconhecido pelos assaltantes, reagiu e acabou ferido durante troca de tiros. Ele foi levado para o Hospital Metropolitano, mas não resistiu e morreu.

19h45 - As primeiras viaturas da Rotam começaram a chegar ao local e levantar as informações sobre o caso. Eram comandadas pelos cabos Fonseca e Jeferson. Eles colhem informações das pessoas que presenciaram o crime e dão início à busca por três suspeitos. Dezesseis viaturas são deslocadas para o Curuçambá. A polícia passa a noite em ronda na área.

DOMINGO, 18

3h - O corpo de um jovem de 22 anos é encontrado por policiais da Rotam próximo ao campo do Bragantino, na mesma área onde o policial militar foi morto. Ele permaneceu sem identificação no IML até o final da manhã.

9h - Polícia recebe a denúncia de que dois jovens estariam armados dentro de uma casa no mesmo quarteirão onde ocorreu o assalto. As viaturas da 7ª Zpol cercam a residência e recebem apoio da Rotam. Os irmãos Jeremias Wellington Pinheiro dos Santos, conhecido como 'Mia', de 25 anos, e Jerônimo Wesley Pinheiro dos Santos, 22, são baleados e morrem minutos depois, no hospital. Os dois eram filhos de um policial militar lotado na Corregedoria e sobrinhos de uma investigadora da Divisão de Crimes Funcionais (Decrif).

13h30 - Dois jovens são mortos a tiros em uma área de matagal no Curuçambá conhecida como 'Bosquinho'. Segundo a polícia, eles receberam uma guarnição da Rotam, que fazia rondas pela área, a tiros. Jorge Willer Oliveira Costa, de 22 anos, e Fernando Batista da Silva foram socorridos, mas morreram no hospital.

19h30 - Apenas duas viaturas continuam em ronda na área. Segundo informações extra-oficiais, a ordem para a retirada partiu do comando geral da Polícia Militar, e teria dois motivos principais: evitar novos confrontos e mais mortes. Era também uma maneira de diminuir a probabilidade de um ataque contra homens da Rotam, evitando assim outra morte de policial. Dois dias depois, o comandante da Rotam, tenente coronel Noura, esclareceu que o número de viaturas foi reduzido porque expirava, na noite de domingo, o período de flagrante para os responsáveis pela morte do cabo Cunha.

SEGUNDA, 19

O corpo encontrado no campo do Bragantino foi reconhecido. Tratava-se de Marcelo Piedade Santana, de 22 anos, padrasto dos dois rapazes mortos dentro de casa após a troca de tiros com os policiais. Os três foram velados pela manhã. Familiares denunciaram abusos de policiais e questionaram a história contada pela PM. Também no Paar, os familiares de Jorge Willer e Fernando Batista denunciam que os dois, mortos juntos no dia anterior, viajaram para Santa Maria do Pará na manhã de sábado e, portanto, não estavam na cidade no momento em que o cabo da PM foi morto.

TERÇA-FEIRA, 20

O comandante da Rotam, tenente coronel Noura, confirmou que três dos quatro suspeitos mortos em trocas de tiros com a PM tombaram pelas armas de policiais da Rotam. Antes de domingo, o grupamento, considerado de elite, contabilizava apenas uma morte em confrontos com bandidos desde sua criação, em fevereiro de 2006. Agora são quatro. As armas usadas pelos policiais foram encaminhadas para perícia.

ONTEM

9h - Quatro dias depois da morte do cabo Cunha, a polícia faz as primeiras prisões de suspeitos. Quatro pessoas acusadas de envolvimento com a morte do policial foram detidas em duas investidas da Rotam. A primeira, no bairro da Pedreira, prendeu Fabrício da Silva Leal, de 23 anos, e Luiz da Cruz Neto, de 56. O primeiro confessou ter atirado contra o policial na noite do sábado e, de acordo com a delegada Deusa Soares, do Paar, disse conhecer os irmãos Jeremias e Jerônimo. O segundo, Luiz, dono da casa onde Fabrício foi encontrado, não soube explicar de onde vieram as 32 balas com mesmo calibre da arma que o policial usava no dia em que foi morto, encontradas na casa.

10h30 - O dono de um açougue na estrada do Curuçambá identificado como Douglas José Pereira de Moraes, 29, foi detido, junto com um funcionário, identificado como Hélio Luis Monteiro Rodrigues, 34. Os dois foram denunciados por Fabrício. Há suspeita de que o dono do açougue alugava armas para assaltos e teria encomendado a morte do policial militar. Um revólver foi encontrado dentro do estabelecimento, escondido em uma caixa de descarga.

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