E agora, uma vez eliminadas, uma vez assassinadas cinco pessoas logo depois da execução, por bandidos, do cabo Paulo Sérgio da Cunha Nepomuceno, da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam), como é que ficamos?
Sim, como é que ficamos?
Porque atribuem-se à própria Rotam, um grupo de elite da PM, as responsabilidades pelas mortes das cinco pessoas apontadas como suspeitas de envolvimento na morte do cabo, que foi morto com seis tiros, no sábado passado, no Curuçambá, quando estava à paisana.
Os policiais da Rotam mataram Jeremias Wellington, Jerônimo Wesley Pinheiro, Fernando Batista da Silva, Jorge Willer Oliveira Costa e Marcelo Piedade Santana.
A Rotam, inequivocamente, é tão suspeita que já foi até instaurado o tal do “rigoroso inquérito” na Corregedoria da PM para apurar tudo tintim por tintim.
Pois bem (ou pois mal).
Ontem de manhã, a polícia prendeu quatro envolvidos na morte do cabo Cunha.
Foram presos Fabrício da Silva Leal, 23 anos, o “Sorriso” (que confessou ter executado o cabo), Douglas José Pereira de Moraes, 29; Luís da Cruz Neto, 56, e Hélio Luís Monteiro, 34. Rodrigues.
Mas espera lá...
Tem algo de errado nisso tudo.
Ou tudo está errado nisso.
No sábado, logo depois da execução do cabo Cunha, a Rotam saiu por aí arrepiando. E arrepiou tanto que matou cinco em menos de 24 horas.
A alegação, como sempre, foi a de que os suspeitos reagiram a tiros. Se isso foi verdade ou não, o certo é que os cinco eram caçados como suspeitos de participação no assassinato do militar da PM.
Mas ontem foram apresentados quatro envolvidos, que felizmente estão vivos para contar a história – ou para contar suas histórias.
Quatro envolvidos?
Mas os envolvidos não eram os cinco que foram mortos no final de semana?
Além dos cinco – mortos – há mais quatro, que estão vivos?
Os mortos, os executados no final de semana não eram suspeitos?
A Rotam diz que eram.
E agora, aparecem mais quatro suspeitos?
A polícia diz que sim.
Cinco mais quatro são nove.
Não é muito suspeito, não?
Ou será que a polícia está fazendo uma conta de chegar para tentar, por vias e travessas, justificar que as mortes dos cinco, no último final de semana, foram inevitáveis porque eles reagiram à prisão?
É preciso que se apure em que circunstâncias, em que situação as cinco pessoas foram mortas.
O inquérito, quando for concluído, deverá responder exatamente a tudo isso e individualizar condutas, individualizar responsabilidades.
Do contrário, conforme já se disse aqui, teremos medo da polícia, em vez de a respeitarmos.
E nenhum de nós quer temer a polícia. Queremos respeitar a polícia.
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