domingo, 8 de junho de 2008

A violência sem limites se supera a cada dia

Dia desses, um casal – ela funcionária da Justiça Estadual, ele músico – foi assaltado dentro do carro em que se encontrava, por volta das 7h, na Marambaia. Os dois perderam tudo – dinheiro, celulares, documentos, tudo. Só não perderam o carro e – por último, mas não menos importante – a vida.
Os dois, refeitos do susto e das agressões físicas de que também foram vítimas, dirigiram-se ao posto policial mais próximo para fazer o registro da ocorrência. Ocorrência registrada, o escrivão resolveu consolá-los.
- Mas vocês são jovens. Têm condições ainda de trabalhar para recuperar tudo o que perderam...
Se a intenção do servidor público, agente do Estado, era consolar o casal assaltado, violentado na sua segurança, a forma e o momento em que externou sua boa intenção acabou soando como um deboche. Ou refletiu, se quiserem, a banalização do mal elevada à enésima potência.
O casal, todavia, pode dar-se por satisfeito e abençoado porque está vivo para relatar – e deplorar - as agressões que enfrentou e o deboche que se seguiu.
Esta mesma ventura não teve um policial que foi barbaramente assassinado na madrugada de ontem, em Belém, no conjunto Mururé, bairro do Maguari. Era cabo da Polícia Militar. Chamava-se Cláudio Maciel Pinto e tinha 40 anos. Foi abatido a tiros por dois bandidos em fuga que o encontraram à porta da casa da namorada e o tomaram como refém.
Por que o mataram? Porque descobriram que era policial. No caso da vítima, descobriram o fardamento do militar, certificaram-se de que era da PM, engatilharam o revólver e o executaram. Pura e simplesmente. Acabaram com a vida de uma pessoa por isso.
A área de Belém que compreende os bairros da Sacramenta e do Barreiro está sendo apontada como uma das mais perigosas da cidade. A violência na área é tanta que o ônibus Sacramenta/Nazaré, que chegou a circular na Avenida Pedro Álvares Cabral durante a mudança no trânsito, mudou o trajeto para a Avenida Senador Lemos porque vinha sendo atacado constantemente por assaltantes.
Então, o resumo está aqui: ao desprezo do Estado expresso no consolo de um servidor a casal agredido em assalto, acrescentem-se as execuções banais e, por último, a privação ou a restrição que os cidadãos enfrentam no uso de serviços essenciais, porque bandidos impõem a sua lei em todo canto.
A cada dia, todos imaginamos que já chegamos ao limite da insegurança. Que nada! A cada dia, a violência, a barbárie e a selvageria superam a si mesmas.
Apelar a quem?

4 comentários:

Alan Wantuir disse...

Caro amigo, nosso problema é estrutural. Sabe porque? vou te dar algumas respostas. ninguém neste país descobre uma vacina contra as doenças que assolam a sociedade, e quando falo em doenças, falo de modo geral! o que se descobre muito, são as mazelas de corrupção em que se envolvem os governantes! Ninguém quer ter responsabilidade com o próximo, nos fechamos em nossas casas e se estiver tudo bem com a nossa família, ótimo! Temos que abandonar essa nossa filosofia retrógrada e criar os filhos preparados não só para o mercado de trabalho, mas com consciência e personalidade pra ajudar o próximo, criar soluções para as mazelas da sociedade da qual fazemos parte, sem demagogia ou falsidade, e ainda mais, pessoas com atitude , bom senso e amor ao que faz, e aí talvês, teremos uma sociedade melhor!!!!

Unknown disse...

Meu filho caçula foi assaltado ontem de manhã, pela quarta vez em cinco anos, ao sair mais cedo de um simulado de sua escola. Perdeu o quarto celular e o mp3 que tanto gostava.
É assim. Cada dia um susto, uma angústia, enquanto os bandidos, fardados ou não, dentro ou fora do estado, continuam fazendo a festa, roubando, matando e sendo liberados. Ou sendo exonerados e nomeados.
Bandos de vagabundos!
E o pior: sem saída a vista.

Poster disse...

Amigo Juca,
Minha solidariedade por mais essa ocorrência. Agradeçamos a todavia a Deus, todavia, porque seu filho está vivo. E bem vivo.
Esta violência, amigo, é apavorante. E mais: humuilha a todo nós.
É como diz a postagem no seu final, Juca: apelar a quem?
Abs.
PB

Poster disse...
Este comentário foi removido pelo autor.