Dia desses, o clima ficou pesado, pesadíssimo no estádio da Curuzu.
Um grupo de torcedores invadiu o gramado durante um simples treino recreativo para cobrar melhores resultados do Paysandu. O técnico Charles Guerreiro, ao que se diz, encarou com naturalidade a manifestação, por considera-la “pacífica”.
Ao contrário, o presidente do Paysandu, Luiz Omar Pinheiro, considerou o ato acintoso e disse que é inadmissível torcedor interromper um treinamento e afrontar jogadores e comissão técnica dentro do clube.
O treinador do Paysandu está errado em considerar com “naturalidade” a manifestação só porque ela foi “pacífica”.
O cartola do Paysandu está certo. Certíssimo, aliás. E cartolas, vale ressaltar, quase nunca estão certos. Sobretudo por aqui.
Torcedores, por mais apaixonados que sejam, como os de Remo e Paysandu, não têm o direito de comparecer a treinos para interpelar jogadores. É saudável que os treinamentos sejam acessíveis aos torcedores. Mas eles devem ir lá apenas para assistir. Não podem, ao contrário, vaiar e atrapalhar o treino de qualquer forma. Não foram poucas as vezes em que até galinhas foram atiradas em dias de treino para dentro do gramado - durante crises enfrentadas por Remo e Paysandu -, como forma de externar a insatisfação de torcedores.
É um absurdo que tenha sido assim. Eles, os habitués de treinos, não podem e nem devem fazer isso. E não devem fazê-lo por um motivo básico: porque os jogadores, no treinamento, estão trabalhando. É um trabalho como outro qualquer. E quem trabalha não pode ser atrapalhado por pessoas estranhas ao ambiente.
E nos dias de jogos? Nos dias de jogos, é diferente. Em jogos, os torcedores podem inclusive vaiar, porque a vaia faz parte de praticamente qualquer esporte. E, além disso, o torcedor que vai a um jogo paga ingresso. Tem despesas, portanto. É justo que exija um bom espetáculo. Se o espetáculo não é bom, se o seu time não joga bem, ou se os dois jogam mal, os torcedores que vaiem. É direito deles fazerem isso.
Mas em treino, não. Aí já é passar dos limites.
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