segunda-feira, 9 de junho de 2008

Planilha gera suspeitas de doação ilegal a petistas

Na FOLHA DE S.PAULO:

O Ministério Público de São Paulo obteve a planilha de uma prestadora de serviços com as anotações "Doação PT" e tomou depoimentos que reforçam as suspeitas sobre um suposto caixa dois estimulado pela Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) e que teria alimentado campanhas eleitorais do PT, incluindo a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
A Bancoop foi criada em 1996 por bancários integrantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), muitos dos quais militantes do PT, para estimular a construção de casas e apartamentos. Segundo a entidade, que tem 14,6 mil cooperados, foram entregues 39 empreendimentos com 4.168 imóveis.
No ano passado, a cooperativa passou a ser alvo de investigação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo.
Em março passado, o engenheiro civil Ricardo do Carmo, ex-responsável técnico por 30 empreendimentos da Bancoop, disse ao promotor José Carlos Blat que, em 2002, o então presidente da entidade, Luís Eduardo Saeger Malheiro, morto num acidente de carro em Pernambuco em 2004 com outros dois diretores da entidade, "convocou uma reunião com todos os funcionários da Bancoop, empreiteiros e fornecedores para anunciar o apoio da Bancoop ao candidato Lula".
Após a reunião, segundo Carmo, Malheiro lhe pediu que coletasse doações eleitorais de todos os empreiteiros e fornecedores da Bancoop. Carmo disse que vários empreiteiros passaram a colaborar, e os valores foram depositados na conta do irmão de Malheiro, Hélio.
A contabilidade da empresa Mizu Gerenciamentos, fundada por diretores da Bancoop, incluía uma planilha com as citações "Doação PT", num total de R$ 43 mil. O documento integra o inquérito. Segundo o Ministério Público, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não registra nenhuma doação da Mizu nas campanhas eleitorais de 2002, 2004 e 2006.
Os achados da investigação foram confirmados no fim de maio por Hélio Malheiro. No depoimento, revelado pelo "Jornal da Band" na última sexta, ele disse que seu irmão lhe "confidenciou que, na condição de presidente da Bancoop, tinha que ceder às pressões políticas e muitas vezes se via obrigado a entregar valores de grande monta para as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT), desviando os recursos que eram destinados às construções das unidades habitacionais da Bancoop, o que acabou gerando enormes prejuízos financeiros".

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