terça-feira, 24 de junho de 2008

Parou por quê?

A vereadora Marinor Brito (PSOL) quer saber por que cargas d'água não anda o Processo nº 2008.100.8616-3, ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Estadual contra o prefeito de Belém, Duciomar Costa (PTB).

4 comentários:

Anônimo disse...

Aproveitando a deixa do "Parou por quê?", você leu a nota que saiu na coluna do Bernardino, em O Liberal, no último dia 18? Leia:

"Um edifício de 30 pavimentos, na Antônio Barreto, com menos de um ano de inaugurado, está ha 14 dias sem elevador. Os moradores sofrem."

Que absurdo! Deve ser bem o Top Level, daquela construtora que jura , pela fé da mucura, ser vítima de "falsos boatos".

Vale uma investigação, não vale?

Poster disse...

Será, Anônimo? De novo?
Vamos procurar saber com o Bernardino.
Se for, e se o elevador ainda estiver com problemas, vem nota explicativa por aí. Ninguém vai entender nada, mas a construtora vai explicar. Com "falsos boatos" ou não (rssss).
Abs.

Anônimo disse...

Poster, acabei de descobrir uma informação que me deixou assustado.

Leia:

"Um edifício geralmente é projetado para ter uma vida útil de 50 anos, ele não é eterno. E, depois de 20 anos, já enfrentou tantas intempéries e chuvas que precisa de reparos, que no entanto costumam ser negligenciados."

A declaração é do professor Francisco Paulo Graziano, do Departamento de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP).

O texto completo está neste link:
http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=271&breadcrumb=1&Artigo_ID=4258&IDCategoria=4843&reftype=1

E POR QUE EU FIQUEI ASSUSTADO?

Porque em Belém há centenas de edifícios antigos - o Manuel Pinto da Silva é apenas um deles. Não acredito que haja manutenção preventiva adequada, além de ações de revitalização de fachada.

Há uma bomba-relógio armada em pleno centro de Belém?




LEIA O TEXTO COMPLETO AQUI:

Prédios desabam sob peso do descuido

Fiscalização deficiente e falta de manutenção ameaçam edificações

Basta olhar ao redor, ou melhor, para o alto. São pequenas fissuras, muitas vezes no teto das garagens dos prédios. Rachaduras que cortam as paredes de construções antigas. Marquises ameaçadoras que se inclinam e mostram suas estruturas de ferro, que emergem do concreto ralo. Detalhes que passam despercebidos pela maioria das pessoas, mas que podem ganhar notoriedade quando provocam desastres. Basta lembrar o emblemático caso do edifício Palace 2, na cidade do Rio de Janeiro: em fevereiro de 1998, o prédio erguido pela Sersan, construtora de propriedade do engenheiro e então deputado Sérgio Naya, desabou parcialmente, matando oito pessoas e deixando 120 famílias desabrigadas.

Na ocasião, um laudo divulgado por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e por técnicos do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) apontou como causas do desabamento um erro de cálculo no dimensionamento dos pilares e a má execução da obra. Segundo a perícia, 78% dos pilares do Palace 2 haviam sido construídos com o coeficiente de segurança abaixo do estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em quatro pilares que davam sustentação ao edifício, foram encontrados pedaços de madeira, sacos de cimento, jornal e plástico misturados ao concreto. "Ele [Naya] usou água de um poço cavado próximo ao mar e, além disso, havia areia da praia na construção", acusa a presidente da Associação de Vítimas do Palace 2, a advogada Rauliete Barbosa Guedes, que perdeu dois apartamentos e, por pouco, não ficou sem um filho, que havia saído do prédio instantes antes do desabamento. Segundo ela, apenas 82 famílias foram ressarcidas em cerca de 20% do valor estabelecido em ação judicial contra a construtora. "O restante nada recebeu, e alguns ex-moradores do Palace 2 ainda estão instalados em hotel."

Além da dor das vítimas, das perdas humanas, que são irreparáveis, e dos prejuízos materiais, que, até certo ponto, podem ser compensados, o caso do Palace 2 serviu como alerta sobre as condições de edificações como prédios, viadutos, pontes e marquises. Na opinião do professor Francisco Paulo Graziano, do Departamento de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), o Brasil ainda não apresenta uma situação alarmante. "Mas, se medidas urgentes não forem tomadas, é provável que o número de desabamentos de construções aumente nos próximos anos e, conseqüentemente, a possibilidade de novas tragédias." Segundo ele, o conhecimento das entidades técnicas sobre segurança de edificações tem se aperfeiçoado muito nos últimos anos, mas ainda é necessário aprender mais, estudando os insucessos já ocorridos. "Quando um edifício, uma ponte ou um viaduto é construído, é preciso levar em conta que não temos domínio sobre diversos fatores, como as condições climáticas e a demanda de uso, que interferem na vida útil da obra. O fato é que a engenharia se vale das ciências exatas para construir coisas inexatas. E, com isso, assume riscos."

Segundo o professor, há estimativas de que somente na cidade de São Paulo existam cerca de 20 mil prédios com mais de 20 anos, construções que precisam de manutenção periódica e de cuidados especiais para não apresentar problemas. "Um edifício geralmente é projetado para ter uma vida útil de 50 anos, ele não é eterno. E, depois de 20 anos, já enfrentou tantas intempéries e chuvas que precisa de reparos, que no entanto costumam ser negligenciados."

É isso que, segundo Graziano, pode causar acidentes. "O máximo que se vê é uma pintura, uma operação de embelezamento. Basta andar pelas marginais para ver viadutos e construções até com partes internas das estruturas à mostra."

O docente alerta que existe no Brasil uma ignorância muito grande em relação à necessidade de manutenção por parte do usuário, especialmente nas grandes cidades industriais e litorâneas. "Nelas, o ambiente é mais agressivo por causa da poluição ou pela presença da chamada maresia. Com a ação das chuvas, a acidez do ar agride as estruturas, prejudicando principalmente aquilo que está mais exposto, como marquises, viadutos, terraços e coberturas. Isso provoca diminuição da vida útil e a manifestação de patologias mais intensas."

Economia e prevenção

Outro problema destacado por Graziano são as falhas causadas por maus procedimentos de projeto e construção ou pelo uso da edificação para uma finalidade não projetada. "Tem gente que sobrecarrega a construção ou inventa algumas expansões absurdas", diz. Apesar disso, mais uma vez ele aponta a falta de manutenção como um dos maiores vilões. "Sem limpeza, cuidado e pinturas periódicas, começam a surgir manifestações de fungos nas microfissuras, evidenciando que o ataque de agentes agressivos pode já estar em andamento." Ele cita um estudo sobre a evolução de custos no setor, a chamada Lei de Sitter. "Trazendo para o nosso cotidiano, a cada real gasto em manutenção preventiva, temos uma economia de R$ 60 a R$ 70 com patologias que se manifestariam caso não houvesse esse cuidado."

Graziano considera que os erros de projeto e execução sejam exceções, mas não devem ser descartados. "É um percentual baixo, mas existe. É como andar de avião: as chances de determinado acidente ocorrer são muito pequenas, mas não podem ser ignoradas."

Exceção ou não, foram os erros na construção somados a um problema de infiltração nos pilares do edifício Areia Branca, em Jaboatão dos Guararapes (PE), que causaram a queda do prédio de 12 andares no dia 14 de outubro de 2004. Segundo o laudo do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), houve a ruptura de dois pilares, o que contribuiu para o colapso da construção. De acordo com os peritos, o peso que a estrutura suportava excedia a capacidade projetada pela construtora. Além disso, foi constatada a existência de vazios nos pilares e de porosidade excessiva no concreto, como se tivesse sido utilizada mais água que o indicado, o que provocou oxidação do aço e maior deterioração das armaduras dos pilares.

Estalos e queda

De acordo com o dentista e ex-síndico do Areia Branca, Celso Bezerra, houve um forte estalo no prédio. "Chamamos a defesa civil, que, após verificar a área, afirmou que não havia perigo de desabamento. Na noite do dia seguinte o edifício caiu", relembra Bezerra, que era proprietário de um dos 24 apartamentos do prédio.

Apesar do diagnóstico feito pela defesa civil, os moradores, receosos com o barulho proveniente da estrutura do prédio, abandonaram seus apartamentos naquele mesmo dia. No entanto, quatro pessoas – dois funcionários de uma empresa de obras, um bombeiro que trabalhava como segurança no edifício e o porteiro – morreram soterradas.

Segundo Marcos Storte, mestre de engenharia civil e gerente de negócios da Viapol Impermeabilizantes, as armaduras do concreto armado são responsáveis por "segurar" as tensões de tração e flexão dos materiais. "Isso em linhas bem gerais; portanto, qualquer agressão às armaduras leva à corrosão e, paulatinamente, à perda dessas características e à falência estrutural. Passa a ser uma questão de tempo para que ocorra um acidente, caso não sejam feitas manutenções preventivas", explica. Assim como o Areia Branca, de acordo com levantamento realizado pelo Crea-PE em 335 edifícios no Recife, 79% deles têm ou já tiveram problemas de infiltração de água. Em 98% dos prédios que apresentavam fissuras, por exemplo, o problema se devia à falta de impermeabilização adequada. "Algumas cidades brasileiras, como Santos, Salvador e Porto Alegre, têm uma legislação municipal que exige a inspeção periódica dos prédios para atestar que estão em condições adequadas ou o que é necessário para manter a integridade estrutural", sublinha Storte.

O engenheiro José Galdino Barbosa da Cunha Júnior, coordenador da Câmara de Engenharia Civil do Crea-SP, também destaca os danos que podem resultar de infiltrações: "A água degrada muito, e a umidade deteriora os materiais. Sem manutenção periódica, a vida útil da obra diminui sensivelmente. Claro, existem casos de má qualidade do material empregado ou problemas durante a realização da obra, mas são mais raros. Ao preencher a ‘Anotação de Responsabilidade Técnica’, a ser entregue ao Crea, o engenheiro fica ciente de que, se houver qualquer acidente, isso vai se refletir em seu bolso. E, se alguém morrer, ele vai parar na cadeia", explica.

Obras sem engenheiros

Segundo Galdino, a sociedade brasileira ainda vê o engenheiro como uma necessidade burocrática para a construção. "E quem mais sofre com isso é a população de baixa renda, que, para baratear as despesas, levanta casas e sobrados apenas com serviços de mestres-de-obras e pedreiros. É impressionante a freqüência com que isso ocorre, principalmente nas periferias das capitais e nas cidades do interior do país", lamenta.

Ele propõe que associações, o próprio Crea e as prefeituras se unam para que essa parcela da população tenha acesso aos serviços especializados de engenheiros, inclusive com a realização de uma espécie de "mutirão". "É preciso mostrar a importância do profissional. O município de Sorocaba, por exemplo, faz esse tipo de trabalho. Um grupo de engenheiros vai até um bairro da cidade e dá consultas gratuitas aos moradores. Em geral, o pessoal constrói de qualquer jeito, sem qualidade técnica. Eles ensinam até como fazer uma massa de reboco mais econômica e durável." Galdino acredita que atendimentos como esse, além de outros cuidados, podem resolver de 60% a 70% dos problemas com construção para habitação no país. "O que falta é uma maior colaboração dos órgãos públicos", afirma.

Em sua opinião, deveria ser realizado um levantamento, nos grandes centros urbanos, com o histórico das estruturas de concreto. "Depois que vários viadutos e pontes em São Paulo apresentaram problemas, isso começou a ser feito. Mas trata-se de algo novo. Antes não tínhamos nada para mapear riscos."

A situação de pontes, viadutos e passarelas é "caótica", segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) – entidade que congrega 12 mil empresas de arquitetura e engenharia no país. Vale lembrar o caso do desabamento da ponte da Represa Capivari-Cachoeira, na BR-116, em janeiro de 2005. Na ocasião, um motorista morreu ao cair com seu caminhão de uma altura de 40 metros. "Hoje, não posso dizer que exista algum viaduto ou ponte na iminência de ruir. Mas quase todos os que não passaram por reformas ultimamente precisam delas. Há ferragens expostas, infiltrações e rachaduras", explica José Roberto Bernasconi, engenheiro civil e advogado, presidente nacional do Sinaenco.

A entidade realiza o estudo "Prazo de Validade Vencido", que apura as condições de pontes, viadutos e passarelas. Um levantamento feito nas cidades de São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Florianópolis e Fortaleza constatou que metade das estruturas precisa de manutenção. "De reparos urgentes, aliás", reforça Bernasconi.

Segundo ele, as constantes colisões de veículos com viadutos e passarelas, por exemplo, também colaboram para a deterioração das estruturas. "Nas marginais do Tietê e do Pinheiros, em São Paulo, toda hora há um caminhão entalado nas pontes ou que tenha batido contra elas. Cada choque desses provoca um abalo considerável, até o ponto de alguém passar e levar a construção, como aconteceu com uma passarela em frente ao aeroporto de Congonhas e outra na rodovia Anhangüera."

Ele acredita, no entanto, que se houver manutenção preventiva as pontes, viadutos e passarelas podem ter uma longa vida útil. "Uma estrutura dessas é projetada para durar uns 50 anos. Mas a verdade é que, se forem bem conservadas, cuidadas e receberem manutenção periódica e reforço, não têm prazo de validade. Na Europa, há construções da época dos romanos que continuam a ser usadas. Em Cáceres, na Espanha, uma ponte do ano 100 ainda está em funcionamento."

O engenheiro Valdir Silva da Cruz, ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) e atual membro do Conselho Deliberativo da entidade, faz coro. "A situação de viadutos e pontes nas estradas e nas grandes cidades é preocupante. Não há qualquer tipo de acompanhamento ou manutenção dessas estruturas. Os governos costumam dizer que faltam recursos. Mas o problema é cultural, o orçamento não prevê esses gastos", afirma.

Segundo ele, uma obra pode apresentar quatro tipos de problema: "Na elaboração do projeto, no processo de construção, devido à má qualidade dos materiais utilizados ou, ainda, por falta de manutenção. Qualquer dessas falhas pode levar a um sinistro".

A Abece elaborou um projeto, entregue na Câmara Municipal de São Paulo, intitulado "Lei de Marquises". "A realidade é que, nas grandes cidades brasileiras, muitas marquises e até terraços de prédios estão em péssima situação, e o poder público não faz nada para evitar possíveis desabamentos." De acordo com ele, a lei seria semelhante às que já funcionam em cidades como Jundiaí e Porto Alegre. O projeto tem dois pontos principais: a exigência de um laudo técnico que aprove a construção quando estiver pronta e, a partir de dez anos, a cada cinco, a de outro laudo que ateste a resistência da edificação, para que ela possa ser mantida. "Além disso, também há a necessidade de conscientizar a sociedade a respeito de usos indevidos e falta de cuidados em relação a essas estruturas. Muitas não passam por limpeza e outras são usadas para finalidades para as quais não foram projetadas. Até terraços são montados em algumas delas."

Caso de polícia

Foi o uso indevido de um galpão em Guarulhos (SP), que oficialmente estava embargado, sem autorização para construção ou licença para o funcionamento da danceteria ali instalada, que causou a morte da filha de Gilberto Aparecido Fortuna, a jovem Natália, de apenas 19 anos. Na edificação estava sendo realizada uma festa, a Ladies First. No galpão havia sido construído um mezanino que dividia a danceteria em dois ambientes. Na noite do dia 29 de agosto de 2004, enquanto acontecia a festa, o mezanino desabou, matando Natália e outros cinco jovens e ferindo 132 pessoas. "Os organizadores foram avisados de que o prédio estava soltando ‘farelos’ e que ameaçava ruir e, mesmo assim, quiseram continuar a festa, assumindo todo o risco. Infelizmente esse crime será daqueles que são pagos com cestas básicas", diz, resignado, Fortuna, que preside a Associação dos Familiares e Vítimas do Desabamento de Guarulhos (Afavides).

Dois anos depois, ninguém foi responsabilizado criminalmente pelo desabamento. De acordo com o Crea-SP, cada metro quadrado do mezanino devia pesar, no mínimo, 500 quilos. A estrutura de 120 metros quadrados suportava, no entanto, 50 quilos por metro. Além disso, foram encontradas falhas nas armaduras e material reutilizado, já que as vigas apresentavam ferrugem.

Nas imagens da memória de Fortuna, não aparecem os cálculos ou o trabalho de fiscalização que deveria ser realizado para evitar o desabamento. Surge apenas sua filha morta, presa sob uma estrutura retorcida de metal. Toda a tragédia, no entanto, começou a desenhar-se quando, de forma irregular, o primeiro bloco de tijolo foi cimentado ali.

Poster disse...

Anônimo,
Excelente informação.
Vou ler com mais calma e fazer um resumo para postar aqui no blog neste domingo.
Muito obrigado.
Abs.