terça-feira, 10 de junho de 2008

“Claques de Duciomar” incomodam parte dos tucanos

* Script alterado à última hora chega a surpreender
* “O Duciomar está mandando no PSDB de fora”
* Prefeito sonha com um “candidato Pau D’Arco”
* Presidente do PSDB defende processo decisório


Não foram poucos os tucanos – não foram poucos – que jamais esperavam fosse acontecer o que aconteceu ontem (09) à noite, quando salgadinhos esfriaram e champanhotas esquentaram, porque deixou de ser cumprido o script previamente anunciado.
E o script tinha horário marcado e personagens identificados. O que se sabia desde a noite de domingo, conforme o próprio presidente municipal do PSDB de Belém deputado estadual André Dias, confirmara ao blog por telefone, é que às 19h de ontem, em ato na sede do partido, na Governador José Malcher, seriam anunciadas duas coisas.
Primeiro, a aliança entre Democratas e PSDB na eleição para a Prefeitura Municipal de Belém, em chapa encabeçada pela ex-vice-governadora Valéria Pires Franco. Segundo, o anúncio de que o candidato a vice na chapa de Valéria seria o ex-secretário de Estado de Cultura Paulo Chaves.
Por volta das 15h, o blog ainda recebeu um telefonema de assessores da ex-vice-governadora confirmando duas coisas: que o ato marcado para a sede do PSDB contaria com a presença de Valéria e que o horário havia sido confirmado para as 19h. A Imprensa de Belém chegou a ser avisada. E tanto é assim que repórteres foram escalados para ir até a sede tucana.
Mas por volta das 17h30 o script começou a mudar. Mudou tanto e tão rapidamente que acabou desandando de vez. No final da tarde, veio a contra-ordem dos cardeais tucanos: não haveria mais anúncio de qualquer espécie, não haveria mais a presença de Valéria, não haveria mais o anúncio de aliança, não haveria mais o anúncio de Paulo como vice – enfim, nada haveria.
Por quê? Porque se descobriu que as “bases” do PSDB ainda não estão suficientemente convencidas – muito pelo contrário – de que a aliança entre o partido e o DEM seja o melhor caminho a trilhar. E as “bases” tucanas se encontram mesmo assanhadas, ávidas por discussão. E parte das “bases” tucanas está mobilizadíssima. Como nunca, jamais se viu na história do partido.

As claques de Duciomar
De um dos integrantes do Conselho Político do PSDB – formado por vereadores de Belém, deputados estaduais e federais e senadores, além do presidente de honra da legenda, o ex-governador Simão Jatene -, ouviu-se ontem o seguinte: “O Duciomar está mandando no PSDB de fora”.
Duciomar, para quem não sabe, é Sua Excelência o doutor prefeito municipal de Belém. O “mandando”, no caso, decorre da constatação de vários tucanos de que as reuniões mais amplas do partido, fora evidentemente do âmbito do restrito Conselho Político, vêm tendo sua platéia recheada de tucanos com cargos na Prefeitura de Belém que, sob o estímulo, o calor, o incentivo de doutor prefeito, abrem o bocão para vocalizar, do fundo de seus corações, a sincera opinião de que a melhor opção para o PSDB é uma candidatura própria.
A candidatura própria, não coincidentemente, é a única alternativa – a única, vale ressaltar – que toca fundo na alma do doutor prefeito. Uma alma que, vocês sabem, continua levíssima, desde que Sua Excelência sente ter-se livrado de um milésimo de seus pecados – porque todos os humanos pecam, vocês sabem -, ao convidar o arcebispo metropolitano de Belém, dom Orani Tempesta, para a solenidade no Hangar com a presença do presidente Lula. Com isso, o prefeito supriu uma das tantas gafes que o Cerimonial cometeu naquele dia, entre elas a de tratar senhor por senhora. No caso, a "senhora" Darci Lermen, prefeito de Parauapebas.
Qual o sonho do doutor prefeito? Seu sonho, como homem de ampla visão, é não apenas que o PSDB tenha um candidato próprio, mas um candidato sem qualquer consistência, sem qualquer expressão eleitoral. De preferência, um candidato que nem aquela vereadora piauiense de Pau D’Arco, que só teve um voto: o dela mesma. Com isso, doutor Duciomar correria solto – ou meio solto – e poderia até contar com o PSDB rastejando a seus pés caso ele passasse para o segundo turno. Em outra hipótese, prefeito nem pensa em se aliar ao PSDB agora, porque tal aliança, num eventual segundo turno, seria fator impeditivo para coligação com outros partidos.

PSDB ouvirá pré-candidatos e zonais
O blog conversou ontem à noite, por telefone, com o presidente municipal do PSDB de Belém, o deputado estadual André Dias. Ele negou enfaticamente que as reuniões mais amplas do partido estejam sendo apimentadas por claques a serviço dos interesses do prefeito Duciomar Costa. “Você acha que o Ronaldo Barata [advogado e tucano histórico] e o Paulo Chaves são da claque de Duciomar?”, contestou André.
Não se acredita que tucanos como Ronaldo Barata sejam duciomaristas infiltrados no PSDB. Mas também não se sabe, um por um, quem são os demais, além de Ronaldo Barata, que têm freqüentado as reuniões mais amplas do PSDB e nem tampouco os cargos e as atividades que exercem.
Quanto a Paulo, é amplamente conhecida sua preferência por uma candidatura própria. Mas também sabe-se que o ex-secretário já aceitou concorrer como vice em chapa encabeçada por Valéria. E até já teve uma longa conversa com ela. Os tucanos classificam o encontro de “bastante proveitoso”.
A coluna “Em Poucas Linhas”, de O LIBERAL de ontem, chegou a avançar detalhes sobre os planos de Valéria, que incluiriam não deixar o ex-secretário reduzido ao cargo apagado e meramente decorativo de vice, mas alçá-lo a posição de destaque na administração, indicando-lhe para uma secretaria de “Urbanização”, caso ela fosse vitoriosa na eleição de outubro.
André Dias informou que o PSDB seguirá discutindo internamente – e coletivamente, conforme ressaltou – até chegar à deliberação consensual sobre o melhor caminho a seguir. Nesta quarta-feira, informou André, serão ouvidos todos os pré-candidatos tucanos a vereador de Belém. Na próxima sexta-feira, será a vez de auscultar as opiniões dos integrantes das zonais do PSDB, que tem como se fossem minidiretórios instalados em cada zona eleitoral da cidade.
O presidente municipal do PSDB insistiu que a unidade partidária é o mais importante e que a legenda, no processo de debate interno que está em curso, não tem em mira apenas conquistar votos, mas estabelecer estratégias que incluam a adoção de programas e projetos que identifiquem claramente a “marca do PSDB”.
O deputado reforçou que não existem restrições a Valéria. “Ela tem agido com a maior correção conosco. Tem dado a maior atenção ao partido. Nenhum segmento do partido tem nada contra ninguém pessoalmente. Apenas pretendemos conduzir o processo decisório para que todos se sintam plenamente responsáveis pela decisão coletiva que vier a ser tomada. Com isso, pretendemos preservar a unidade do PSDB, seja lá qual for a decisão”, reforçou o presidente do PSDB de Belém.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pobre PSDB, quem diria, acabou no Irajá, ou na UTI de um desses hospitais fedorentos "qualidade SUS" da saúde "quase-perfeita" do reino do grande guia Lula.
De partido que governou (bem ou mal) durante 12 anos, agora transformado num mafuá, num boteco de cais-do-porto onde até o "bandoleiro-oftálmico-asfáltico" Dudu fala grosso.
Depois de ler, ontem, a entrevista com o "cacique" Jatene sempre muito diplomático e polido; depois de saber que a tal aliança com o DEM estava finalmente alinhavada, até imaginava que novos ares oxigenavam o doente partido tucano, que há muito sofre de "transtorno bi-polar" (uma hora quer ser grande, com candidao próprio ou aliança forte; outra hora fica deprê e se sente tentado a aceitar ser coadjuvante de terceira categoria, bucha-de-canhão dos outros).
Agora, volta a triste realidade da crise de identidade misturada com a atração pelas moedas que lhe joga o Dudu Asfáltico, merreca recolhida pelos rastejantes tucaninhos encastelados na administração municipal.
E ainda falam em ouvir as "zonais"...sei, o PSDB virou mesmo uma grande zona, aquela que todos conhecem.
Para desmoralizar de vez o que ainda resta do PSDB, só falta a "tucanalha" parafrasear um outro "pássaro" e sair catando as migalhas do Dudu, gritando em alto e bom som:
" As favas os escrúpulos, eu quero é me dar bem".
Esperemos , aqui nesse democrático EspaçoAberto, o aviso da missa de
sétimo dia do finado PSDB.
Quem te víu e quem te vê.

Anônimo disse...

Sou tucano. Espero que tudo isso seja apenas mais um momento para reflexão. Se o Psdb mudar o que já havia sido decidido eu, infelizmente, enrolo a bandeira que defendo e carrego, com muito orgulho, há quase 15 anos.
Dudu nunca mais.
Candidatura própria passou da hora.
Esse movimento tem as iniciais do falsário.