segunda-feira, 9 de junho de 2008

Caroço de açaí alimenta fornos de indústrias no Guamá

Em contraponto ao problema do uso de lenha nativa para a queima de cerâmicas, pequenas indústrias do município de São Miguel do Guamá, no nordeste do Pará, um dos principais pólos de produção de tijolos e telhas do Estado, encontraram uma opção sustentável a partir de um alimento típico: o açaí. Os fornos dessas indústrias são alimentados com caroço de açaí, dono de um bom poder calorífico e que é abundante na região

Em continuidade a seu programa Carbono Neutro, a Natura, líder no setor de cosméticos e produtos de higiene e de perfumaria no Brasil, lançou em novembro do ano passado edital público para a escolha de projetos que está financiando ao longo deste ano e que vão propiciar a compensação das suas emissões de GEEs (gases que provocam o efeito estufa) referentes a 2007. E entre esses projetos está o de uso de biomassa renovável em indústrias cerâmicas.

Esse projeto é desenvolvido em parceria com a Ecológica Assessoria, uma empresa ligada ao Instituto Ecológica, com foco em consultoria de projetos na área de mudanças climáticas e créditos de carbono. O projeto envolve duas indústrias cerâmicas em São Miguel do Guamá e outras duas em Cristalância e Paraíso do Tocantins, no Tocantins.

Muitas cerâmicas têm como combustível a energia térmica vinda da queima da lenha nativa, para a cocção dos tijolos e telhas. A madeira de florestas nativas não é considerada uma biomassa renovável. Isso porque, como não há reposição florestal, todo o CO2 (dióxido de carbono) capturado durante o seu crescimento volta à atmosfera no momento da queima. Além disso, o desmatamento é a principal fonte de GEEs no Brasil.

Para a efetiva utilização do caroço de açaí foram necessários investimentos em equipamentos de automação e adaptação. Como o açaí está disponível somente no período de safra, entre os meses de julho e dezembro, um segundo combustível utilizado é a serragem, adquirida de madeireiras devidamente legalizadas. Além da prática inovadora, os ceramistas observaram outras vantagens: a queima das fontes alternativas gera menos resíduo e, além disso, há uma melhoria nas condições de trabalho dos empregados.

 

Leia mais no Pará Negócios, do jornalista Raimundo José Pinto

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