quarta-feira, 23 de abril de 2008

Repórter nega acordo em entrevista do "Fantástico"

Da coluna Outro Canal, de Daniel Castro, da Folha de S.Paulo:

O repórter Valmir Salaro nega que tenha feito acordo para conseguir a entrevista exclusiva com Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, respectivamente pai e madrasta da menina Isabella, exibida domingo à noite no "Fantástico".
"Se você pegar a entrevista na íntegra, verá que eu faço todas as perguntas que qualquer um gostaria de fazer. Eles negam tudo", diz. "A polícia interrogou o casal durante 17 horas e conseguiu apenas contradições."
Salaro responde à acusação de que a entrevista fora "combinada" com advogados, como apontou o jornalista Britto Jr., na Record. "Eu não sou um repórter justiceiro, não pratico esse jornalismo justiceiro que se faz em algumas emissoras. Se aquelas pessoas cometeram algum crime, não sou eu quem vou julgar", afirma.
A Globo vinha tentando entrevistar o casal desde a primeira semana do caso Isabella. Houve tentativas até na cadeia.
Salaro conta que, no domingo à tarde, o pai de Alexandre, Antonio Nardoni, o chamou "para conversar". Inicialmente, o casal ia gravar um depoimento. "Eu propus uma entrevista, mas os advogados foram contra. A gente conversou. Argumentei que era importante dar voz ao casal", conta Salaro, que nesta cobertura diz ter adotado uma postura de ceticismo em relação à polícia, inspirado no caso Escola Base.
O repórter afirma que começou a gravar o depoimento e foi "perguntando e eles, respondendo. Virou uma entrevista de risco". Isso justificaria o tom das perguntas, o áudio baixo nas intervenções do jornalista e a gravação com apenas uma câmera fixa em tripé.
A única exigência do casal à Globo teria sido o fornecimento de uma cópia em DVD, sem as perguntas de Salaro.
Segundo a Globo, a íntegra da entrevista tem 35 minutos. No ar, houve apenas dois cortes, para suprimir repetições.
Com pico de 42 pontos no Ibope, a entrevista alavancou o "Fantástico". O programa deu média de 33 pontos, seu melhor resultado desde abril de 2007. O "Jornal Nacional" de anteontem também se beneficiou dela, com 40 pontos de média.

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