“Viste a entrevista?”
Talvez você, quando acordou hoje, ouviu essa pergunta ou fez essa pergunta a alguém, referindo-se à entrevista ao “Fantástico”, em que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá negaram qualquer envolvimento com a morte da menor Isabella, filha do primeiro e enteada da segunda.
O poster viu a entrevista ao lado de umas 20 pessoas. Ninguém acreditou no que disse o casal. Quando acordou hoje, perguntou a mais umas dez pessoas, inclusive de fora de Belém, por telefone. Nenhuma acreditou. E houve até quem dissesse: “Se eu já não acreditava na inocência deles, agora mesmo, depois da entrevista, é que não acredito.”
Algumas evidências foram indiscutíveis durante a entrevista:
1. A respostas tiveram a orientação de advogados. O laconismo, as respostas quase monossilábicas sobre as provas contidas nos laudos, indicam isso.
2. Na maior parte da entrevista, o casal procurou não apenas negar qualquer envolvimento na morte de Isabella, mas insistiu em revelar-se como pai e madrasta amorosos aos extremos. Empenharam-se tanto nesse ponto que transpareceu uma certa falta de naturalidade em várias ocasiões. Quem baixasse de outro planeta, sem saber de nada do que ocorreu, e assistisse à entrevista de Alexandre e Anna Carolina seria bem capaz de imaginar que ali estava diante do casal mais perfeito do mundo na criação e no amor dedicado aos filhos.
3. O repórter que fez a entrevista é dos mais experientes da Rede Globo. Esperava-se que perguntasse bem mais - e com insistência – sobre as provas colhidas pela perícia, entre elas as de que as marcas de esganação no pescoço da menor são “compatíveis” – temo contido no laudo – com as mãos de Anna Carolina; que os “esfregões” – termo dos laudos – encontrados na cama do quarto de Isabela são compatíveis com os chinelos de Alexandre; e que havia sangue dentro do automóvel. Sobre esse último detalhe, o repórter chegou a perguntar, mas conformou-se com a resposta vaga do casal, de que não havia o menor vestígio de sangue e que as crianças estavam dormindo dentro do veículo até chegarem ao edifício. Não se sabe se o repórter não insistiu em pontos essenciais porque não quis, porque não achou jornalisticamente relevante fazê-lo ou porque evitar essas perguntas constava de alguma pré-condição imposta pelo casal para conceder a entrevista à Rede Globo.
4. Os dois indiciados não entraram em detalhes sobre os laudos. Não os contradisseram. Afirmaram apenas que não os conheciam e, portanto, não poderiam se aprofundar sobre eles. É certo que o ônus da prova cabe a quem acusa. Mas uma pessoa inocente, que sofre acusação absurdamente injusta, improcedente e implausível – até mesmo pela lógica dos fatos em certa circunstância – tem pelo menos uma versão a apresentar para pontos controversos. Alexandre e Anna Carolina não fizeram isso. Não se sabe se o fizeram no depoimento que prestaram à polícia. Na entrevista que o “Fantástico” mostrou, não apresentaram versão alguma.
5. Alexandre foi implausível ao falar sobre a tal “terceira pessoa”, que, segundo ele acredita, foi quem realmente matou Isabella. Disse apenas que ela existe, mas disse não ter a menor noção sobre quem poderia ser e que motivos teria para cometer aquele crime tão bárbaro. Vá lá que não saiba mesmo quem é – admitindo-se que existiu a tal terceira pessoa. Mas ele não seria capaz de se lembrar, nem mesmo remotamente, de nada que pudesse dar ensejo a essa barbaridade? Não se lembra de uma briga com alguém, de uma animosidade, de um evento qualquer, de um mal-entendido, enfim, não se lembra de nada que, repita-se, mesmo remotamente, pudesse levar um desconhecido a vingar-se dele ou vingar-se da melhor, escolhendo a criança como vítima?
Doze Homens e uma Sentença
Há um filme que o pessoal da redação aqui do Espaço Aberto já elegeu, há muito, como um de seus preferidos. Chama-se Doze Homens e Uma Sentença. O original, de 1957, tem direção de Sidney Lumet e como ator principal Henry Ford. O filme teve uma segunda versão.
É absolutamente fantástico. “Doze homens e uma sentença” é para ser visto a qualquer tempo, sobretudo agora. E deve ter sido um dos filmes com produção mais barata de Hollywood, porque se passa praticamente todo dentro da sala onde o conselho de sentença estava reunido para dar o veredicto.
Os doze jurados discutem sobre a culpabilidade de um denunciado por assassinato. Contra o acusado, havia todas as evidências possíveis. Mal comparadamente, eram evidências tão ou mais fortes do que aquelas que recaem sobre Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá.
Pois apenas um, entre os 12 jurados, não se convenceu de que o acusado do homicídio era o assassino. Só um. Começam as discusões entre os jurados. São discussões em que cada um dos julgados põe pra fora o melhor e o pior de si mesmo – preconceitos, dramas pessoais, racalques, egoísmos e tudo o mais.
E apenas um dos jurados desmontou, uma a uma, as provas. Ninguém, entre os 11 jurados e entre os que assistem ao filme, acreditam de início que o acusado de assassinato poderia ser absolvido. Pois foi absolvido. E ficou demonstrado, cabalmente, que o acusado não era o assassino.
No momento, Alexandre e Anna Carolina encontram-se na condição do assassino de “Doze homens e uma sentença”. Há evidências contra eles. É preciso que apareça alguém para desmontar essas evidências.
Até agora, não apareceu ninguém.
5 comentários:
O repórter Walmir é o mesmo que foi condenado no caso da Escola Base. Ele foi o responsável pela Rede Globo ter sido condenada a pagar mais de R$ 1 milhão de indenização.
Walmir está como gato escaldado. Não ergunta o óbivo.
Hoje de manhã, Ana Maria Braga o alfinetou, quando questinou a omissão dos acusados quanto aos lados que revelam marcas de sangue no interior do automóvel casal.
E não contente, na presença de Walmir, Ana Maria repetiu que muita gente tem a cara de pau de matar e depois negar tudo. A carapuça serviu na cabeça de Walmir.
Este é o Walmir, um dos mais experientes repórteres da TV Globo.
Imagine, então, como são os 'focas'.
Anônimo,
Independentemente de quem seja o repórter, ele devia ter perguntado mais.
Vou postar você na ribalta, mais tarde, porque sua informação acresenta ao debate.
Abs.
Provavelmente, vai aparecer esta pessoa para desmontar as acusações.
Bemerguy,tudo caminha para a inocência e o esquecimento do casal...coisas escabrosas do Brasil!
abs
Boscão,
E o pior é quando fatos escabrosos envolvem o sacrifício de vidas como a dessa criança.
Abs.
Boscão,
E o pior é quando fatos escabrosos envolvem o sacrifício de vidas como a dessa criança.
Abs.
Postar um comentário