Em O ESTADO DE S.PAULO:
Alexandre Nardoni jogou a filha Isabella do 6º andar do Edifício Residencial London. Essa é a principal conclusão do laudo final feito pelo Instituto de Criminalística (IC). A prova que ''pôs o pai na cena do crime'' era considerada um trunfo para a polícia e foi mantida em segredo pelos peritos até sexta-feira, quando o casal Alexandre e Anna Carolina Jatobá voltou a prestar depoimento. Tratava-se de um exame que demonstra a presença de micropartículas de náilon e de poeira na camisa do pai, as mesmas da tela de proteção da janela de onde a menina foi arremessada em 29 de março. Elas ficaram impressas na roupa como uma tatuagem invisível a olho nu, reproduzindo a trama.
Essa é a prova de que Alexandre se apoiou na rede, como o assassino seria obrigado a fazer para jogar a criança. Ela é considerada definitiva pelos peritos, pois mostra que Alexandre é o autor do crime. Nas mais de cem páginas do laudo, cujo conteúdo o Estado teve acesso, essa prova se soma a outras que demonstram a presença do pai no quarto de onde Isabella foi arremessada.
Nas seis vezes em que estiveram no apartamento da Rua Santa Leocádia, os peritos puderam esquadrinhar o imóvel. Eles usaram uma pessoa com as mesmas medidas - peso, altura e compleição física - de Alexandre para simular a mecânica do crime. Queriam saber, por exemplo, como e onde ficariam as marcas da tela de proteção na camisa dessa pessoa se ela tivesse jogado a criança pela janela. A conclusão é de que as marcas seriam exatamente iguais às encontradas na camiseta que Alexandre vestia na noite do crime.
Os peritos chegaram à seguinte conclusão: Alexandre entrou no quarto com Isabella no colo. Pôs a menina sobre a cama enquanto cortava a tela de proteção com uma faca e uma tesoura - ele tinha pressa, daí a troca de instrumento, pois o primeiro não cortou direito a tela.
Feito o buraco, o acusado apanhou de novo a criança e se dirigiu até a janela. Começou a subir na cama, desequilibrou-se e o pé esquerdo entrou no vão entre as camas, fazendo o assassino deixar uma pegada no lençol. O IC constatou que a pegada era característica do solado do chinelo que Alexandre usava na noite do crime - na sola havia sangue de Isabella.
O criminoso se apruma, ajoelha-se na cama e encosta o peito na tela. Passa as pernas enquanto segura a criança pelas mãos, a 20 metros de altura. Primeiro solta a mão esquerda e, em seguida, a direita. Os dedos da menina deslizam pelo parapeito, deixando um rastro de sangue. Isabella ainda vivia. Só o impacto da queda é que determinaria a morte.
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