Do leitor Arpia, sobre a postagem Separatismo, violência e barbárie:
Quando assisto aos programas políticos “gratuitos” como esses do “sim” ou “não”, lembro-me da música “Televisão”, dos Titãs.
Mesmo que mais uma vez sejam comoventes os números e imagens horrendas da miséria humana expostos, como carne crua, pela campanha do "sim”, apesar da caquética indiferença ou do vil entorpecimento a que cada um de nós está acometido.
Mas curiosamente parece haver um proposital escamoteamento dos verdadeiros culpados por esses flagelos de dimensões continentais.
Pois então de quem é a culpa da negligência fiscal, que culmina na sonegação e concentração de renda nas mãos de poucos?! Quem será responsabilizado por omissão ao calote da famigerada lei Kandir, que engambelou mais de R$ 21 bilhões dos cofres estaduais?!
E os rios de dinheiro ganhos pela Rede Celpa, usurpados de pobres consumidores de bicos de luz?! E quem pagará as centenas de milhões reais surrupiados da Alepa e das inúmeras licitações superfaturadas do estado e das prefeituras? Quem aprovam as contas de um orçamento tacanho que nunca fecham?!
E por que a postura silente diante a semideusa Vale? Aquele megaconglomerado que ganha toneladas de dólares com a exploração do nosso minério, inversamente proporcional ao aprofundamento dos buracos e a pobreza deixados em nosso solo. Qual a fórmula de cálculo dos valores dos royalties deixados nos municípios paraenses?
Será que mais uma vez foi estabelecido o pacto da mediocridade? Anuviando o franco e aberto debate sobre as reais causas e consequências que nos tornaram, ao mesmo tempo, uma federação socialmente esquálida e um vital almoxarifado a disposição dos interesses capitais do sudeste brasileiro.
Quem foram e quem são os promotores da histórica indigência a qual foi submetido o povo paraense? Por que até agora só parlamentares de outros Estados foram abominados nas campanhas do “não”?!
Quem sabe, nesses nebulosos debates, tais sujeitos ainda sejam considerados admiráveis feitores de uma epopéia.
Ainda falta muito para que cheguem os primeiros raios solares de um debate verdadeiro e conscientizador.
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