terça-feira, 24 de março de 2009

perdeu a confiança da sociedade, diz Fernando Henrique

Na FOLHA DE S.PAULO:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem que o Congresso brasileiro está "bambo". Segundo ele, os escândalos envolvendo congressistas minaram a confiança da sociedade e o sistema eleitoral criou um laço muito tênue entre quem vota e quem é votado. Lideranças do governo na Câmara rechaçaram as declarações de FHC.
"Como pode ter democracia se não tem respeito ao Congresso? Por trás disso estão a forma de representação no país e a indulgência do Executivo. O próprio presidente da República tem que parar de passar a mão na cabeça e dizer que são aloprados", disse em palestra sobre a crise global na Associação Comercial de São Paulo.
O líder do PT, Cândido Vacarezza (SP), disse que a fala do ex-presidente é "inadequada e destemperada". "Não é porque um indivíduo ou um grupo têm condutas antiéticas que podem condenar a instituição, o parlamento é forte", disse o petista.
FHC afirmou que a renovação do Legislativo não é suficiente para renovar a confiança na instituição. Para ele, o país continuará elegendo o mesmo tipo de congressista até que reforme a lei eleitoral. "Não dá mais tempo de fazer reforma, mas dá para cobrar dos próximos eleitos que a façam nos primeiros anos de governo."
O tucano atacou o que chama de "cupinização" do Estado brasileiro, referindo-se à ocupação de cargos públicos por militantes do governo. "A partidarização da máquina e a substituição por militantes minam a capacidade do governo de fazer [a máquina] funcionar."
Para ele, o atual governo está ressuscitando os esqueletos que a política brasileira custou a eliminar. Ele citou a proposta em estudo no Legislativo para supostamente enfraquecer a capacidade de fiscalização das agências de regulação e a autorização para que bancos públicos comprem financiamentos feitos em outras instituições.
Em nota, o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), rebateu FHC, afirmando que o presidente Lula está promovendo uma "republicanização" do Estado brasileiro, "afastando as traças que corroeram o patrimônio público e a economia brasileira com privatizações e desregulamentação do mercado".
FHC criticou a atuação de Lula para combater os efeitos da crise. Para ele, faltam regras claras de quem pode ou não ser ajudado. Entretanto, destacou que o problema também ocorre em outros países. O tucano disse que o presidente não tem culpa pela crise que atinge o país, mas que tem culpa por não ter fortalecido as instituições e criado regras a longo prazo que ajudassem o país a enfrentá-la.
Mais tarde, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, FHC disse que as influências políticas em nomeações de cargos eram menores em seu governo do que no de Lula. Questionado se havia nomeações políticas em Furnas, disse que sim. Mas afirmou que houve regressão. Segundo FHC, uma nova espécie de privatização do Estado é a ocupação de cargos por sindicalistas.

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