No AMAZÔNIA:
Iinquérito policial que apura a morte de cinco jovens durante uma operação da Ronda Tática Metropolitana (Rotam) no bairro do Paar, em janeiro deste ano, está prestes a ser encerrado. A delegada que o preside, Deuza Seabra, diretora da Seccional do Paar, pediu prorrogação do prazo para apresentar, ao Ministério Público, um relatório sobre o caso. Na próxima semana ela entrega nas mãos de um promotor de justiça os resultados de quase dois meses de investigação - e decide se indicia os policiais militares que participaram da operação no Paar em janeiro, quando cinco pessoas perderam a vida em menos de 24 horas.
O inquérito paralelo aberto na Corregedoria da Polícia Militar foi encerrado no último dia 21 sem que nenhum policial fosse indiciado pelas mortes. O motivo, de acordo com o tenente-coronel Francisco Barcelar, responsável pelas diligências da Corregedoria, é o atraso na entrega de nove laudos periciais do Renato Chaves considerados 'fundamentais para a comprovação de responsabilidades dos PMs' - como os exames de comparação microbalística e os laudos de potencialidade e eficiência de arma de fogo.
O primeiro exame pode apontar de que armas saíram os projéteis que mataram os jovens no Paar e individualizar as condutas dos policiais que participaram das abordagens. O segundo, mais importante, atesta se as armas apresentadas pelos PMs como prova de que as vítimas reagiram à prisão tinham condições de ser usadas contra os policiais.
Sem laudos - A falta dos laudos ganha destaque no relatório assinado pelo corregedor PM coronel Raimundo Silva, que será apresentado ao Ministério Público Militar na próxima terça-feira, 31. O desfalque, segundo o corregedor, vai resultar na devolução do inquérito e na fixação de um novo prazo para encerramento - prolongando por mais tempo a incógnita sobre o que realmente aconteceu na manhã seguinte à morte do policial militar da Rotam, o cabo Paulo Sérgio Cunha Nepomuceno.
Esclarecimento - O corregedor da PM ainda aguarda a resposta para um pedido de esclarecimento feito pela delegada Deuza Seabra aos peritos do IML, sobre os exames de pólvora combusta feitos nos corpos. A delegada e o corregedor querem saber se a ausência dos vestígios de pólvora nas mãos das vítimas, atestada em laudo, é conclusiva ao indicar que os jovens mortos não atiraram contra a polícia.
'Os resultados das perícias são fundamentais para deixar claro o que realmente aconteceu naquela manhã, porque as provas testemunhais não foram suficientes para apontar se houve excessos por parte dos policiais', afirma o coronel.
O oficial responsável por acompanhar o caso, tenente-coronel Barcelar aponta para a mesma direção: 'A maioria das testemunhas ouvidas durante a fase de investigação é formada por familiares das vítimas. Do outro lado, nós temos apenas os depoimentos dos policiais que, em algumas situações, são totalmente opostos aos relatos da família'.
O inquérito aberto na Corregedoria da PM, que em dois meses ouviu 15 testemunhas civis e 12 policiais militares, tem mais de 320 páginas e não é conclusivo quanto à irregularidade ou não das mortes dos jovens em confronto com a PM.
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