terça-feira, 31 de março de 2009

Em Belém, respeito à lei e polidez são ficções. E potocas.

De um Anônimo, sobre a postagem Bernal do Couto, entre Doca e Wandenkolk. CTBel, vá lá.:

Queria agradecer ao blog porque o comentário em destaque foi publicado ao longo da semana, pedindo providências à CTBel, e esta compareceu, enfim, à rua Bernal do Couto para fazer uma blitz, ao que parece em companhia da Seicom, e, em poucos segundos (sim, segundos!), a rua estava limpa, os bares haviam retirado as mesas que impediam os transeuntes de caminhar, etc.
Foi, sem dúvida, uma demonstração de que o Poder Público Municipal, quando quer, pode fazer, sim, poder pôr cobro à incontrolada incivilidade dos mal educados, dos bárbaros.
O problema está em que essa ação parece ter sido esporádica, os incivilizados não a levam a sério, talvez porque acreditem, ao que parece com justa razão, que tais ações são mais do que eventuais - e não rotineiras -, porquanto, na noite de sábado, toda a bárbarie já estava de volta, ou seja, carros estacionados em fila tripla, engarrafamento que daí decorreu, buzinaço etc.
Não havia, é claro, nenhum agente de trânsito da CTBel para impor o que se espera do Poder Público: o cumprimento da lei.
No lugar dos agentes de trânsito, os flanelas controlavam o trânsito, tornando-o caótico.
O dono da lanchonete, multado no dia anterior, deu mais uma demonstração de seu desprezo à Prefeitura, recolocando as mesas no passeio e atendendo aos "clientes" no meio da rua (sim, no meio da rua; o condutor pára o carro, buzina e lá vai a "garçonete" atender ao "cliente" no meio da rua! Acho que nem em Luanda há coisa parecida!).
Afinal, cabe indagar, quem manda na cidade: os flanelas, que deveriam ser presos por exercício ilegal de profissão, ou os agentes de trânsito da CTBel?
O arrogante dono da lanchonete, que apenas se preocupa em maximizar seus interesses e lucros e manda às favas o bem-estar da comunidade, ou o prefeito, que foi eleito para fazer de Belém um lugar civilizado com qualidade de vida?
Civilização, já dizia o filósofo francês André Sponville, é respeito à lei e polidez. Na rua Bernal do Couto, nem uma coisa nem outra.
Deixo, por fim, um aviso aos interessados em comprar uma unidade do Edifício Urano, a ser erguido exatamente entre a lanchonete e a boate, as grandes responsáveis pelo caos: Não façam isto! Não comprem o apartamento!
Vocês ficarão insones, como eu, à espera da CTBel, que trabalha ali só ocasionalmente. Ficaremos, como no romance, à espera dos tártaros, que (quase) nunca vêm.
Apesar de incrédulo, peço, mais uma vez, que a CTBel atue de modo constante e rigoroso para deixar claro aos infratores que Belém tem lei, quer preservar a qualidade de vida de seus moradores, e não deixá-la entregue à bárbarie e ao caos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quero agradecer, mais uma vez, ao poster pela ênfase dada à minha luta, que, de resto, não é só minha - é de toda a comunidade que ali reside e que sofre, como minha família e eu, as consequências deletérias do caos urbano.
Quero dizer que mantive contato com a Sra. Rejane Bastos, presidente da Associação dos Amigos do Silêncio, que, assim como vc, me incentivou a prosseguir lutando e, mais ainda!, me orientou acerca de um verdadeiro arsenal de instrumentos legais que posso - e vou! - usar contra os causadores do barulho.
Quero pedir, por fim, desculpas ao poster por minha infeliz afirmação "eu venci!", porquanto só a ação em concerto dos homens pode levar a um resultado positivo; aprendi isto lendo Hannah Arendt, que defendeu a revitalização do Espaço Público, tomando como referência o exemplo grego.
Ou seja, o agir político é feito em conjunto e, neste sentido, querido poster, se a Rejane, o Lúcio Flávio Pinto, tu, eu e tantos outros querem e se dispõem a lutar para que as questões públicas sejam postas em discussão, fazemos política através do exercício de nossa liberdade e de nossa razão crítica.
Portanto, deveria dizer "vencemos" e não o egoísta "Eu venci!" (foi a empolgação de ver o Poder Público Municipal sair de sua costumeira inércia, acredite).
Afinal, a polis - tomando emprestado o pensamento de Hannah Arendt, sobretudo o que está no capítulo "A Solução Grega" do livro "A Condição Humana" - não são as praças públicas, por exemplo, mas nós, os que querem agir em concerto para efetuar as mudanças que interessem à coletividade.
Vc tem razão: não devemos desanimar, não devemos ceder à bárbarie.
Com a ajuda de vcs, eu vou a luta!
Abs.