segunda-feira, 30 de março de 2009

“Há 97 anos, Belém procura um prefeito”

O jornalista e escritor Paulo Renato Bandeeira escreveu, sob o título “Nova carta a Duciomar”, o artigo abaixo que O LIBERAL publicou na semana passada.
O melhor está no final.
O fecho de ouro está no final.
Leia:

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Nova carta a Duciomar

“Aviso ao futuro prefeito” é o título da crônica que escrevi em O LIBERAL em 21.01.04, posteriormente inserida no meu livro “Certezas do Quase Ontem”. Eleito Duciomar Costa, entreguei-lhe a xerox daquela publicação, o mesmo faria se a eleita fosse a sua concorrente Ana Júlia. Duciomar falou-me da aceitação da idéia. Não satisfeito, quando da publicação do livro em 2006, autografei, mencionando a crônica e chegou em suas mãos. Por falta de uma boa assessoria, sequer agradeceu. Uma vez tentei uma audiência, não me recebeu. Desisti em tentar a segunda, por entender que somente se deve dar importância ao importante, especialmente quando o poder emanado pelo povo, sabe-se é efêmero. Aquela cadeira será ocupada por outro, havendo imediata disponibilidade de assento, agora, na cadeira de engraxate, numa rua qualquer, seus sapatos receberão o “brilho”, distanciado dos caminhos percorridos pelo mesmo. Nublados.
Na crônica, sugeri uma homenagem ao maestro Waldemar Henrique que nos últimos anos de sua vida, residia na Presidente Vargas entre General Gurjão e Carlos Gomes. Para melhor entender, na calçada da Presidente Vargas, no perímetro acima, sem ônus para Prefeitura, que apenas cederia seu corpo técnico e com os patrocínios do Banco da Amazônia, Caixa Econômica, HSBC, Assembléia Paraense e demais estabelecimentos comerciais daquela quadra, seriam afixadas pedras portuguesas em preto e branco, formatando partituras da letra de Waldemar, Tamba-Tajá. Curiosos, turistas perguntariam o porquê e logo viria a informação. Tamba-Tajá é clássico de projeção internacional. Neste local morava o maestro e ali está o Teatro com seu nome, alguém responderia.
No Rio, propriamente na Vila Isabel, existe há muito tempo, igual homenagem a Noel Rosa. Decididamente, se espaço útil tiver, coloque um pouco de Antonio Lemos na sua agenda refazendo o balaústre com o símbolo da bandeira britânica, no Boulevard Castilhos França com Presidente Vargas, danificado em gestão anterior.
Na Praça da República, compreendendo a parte “A”, entre Osvaldo Cruz e a Rua da Paz deveria estar presente a Guarda Municipal com oito homens dispersos, sendo substituídos por igual número a cada seis horas, usando walktalk para melhor comunicação, daí inibir a violência. Na parte “B” a mesma coisa. Estenda essa operação a Praça Batista Campos e a outros logradouros de grande fluxo e concentração. Concentre-se.
O Bar do Parque era a bilheteria do Teatro da Paz. Depois, passou a ser patrimônio do governo municipal. Fica encravado no coração da Praça e necessita de inteligente restauração, troca das desconfortáveis e tortas cadeiras e mesas, aniquiladas pelo tempo e abandonadas pela conservação. Com nova roupagem, moradores e turistas teriam a feliz opção de espaço digno. A Lapa no Rio é um exemplo. Copiar o bom é excelente. Jogar às traças é falta de capacidade.
O Bar do Parque de tantas histórias do Ruy Barata & Cia. e onde já estiveram Clarice Lispector, Rachel de Queiroz e Jean Paul Sartre, pena sem Simone de Beauvoir, por certo fariam um brinde ao acontecimento.
Há 97 anos, Belém procura um novo Antonio Lemos, aliás, um prefeito.

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PAULO RENATO BANDEIRA
Jornalista e escritor
paulobandeira28@yahoo.com.br

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