terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Segurança pública tem nova cúpula

No AMAZÔNIA:

Depois de 13 meses longe do Comando da Polícia Civil, o delegado Raimundo Benassuly Maués Junior deixa o Comando Estratégico Integrado (CEI) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) e retorna ao cargo de delegado geral. A primeira passagem dele pela Delegacia Geral foi de 11 meses. Ele entregou o cargo depois de ter declarado, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado, que a menina de 15 anos que ficou 24 dias presa em uma cela com 20 homens e que foi violentada em Abaetetuba, deveria sofrer alguma debilidade mental. A adolescente era obrigada a fazer sexo em troca de comida. 'Não sou médico legista nem tenho formação na área. Mas essa moça tem certamente algum problema, alguma debilidade mental. Ela em nenhum momento declarou sua menoridade penal', disse, à época. Ele foi delegado geral de janeiro a novembro de 2007.
A declaração teve repercussão nacional e Benassuly voltou atrás, dizendo: 'Não me expressei bem. Quis dizer que a violência que ela (a menina) sofreu por tanto tempo pode tê-la abalado'. Em fevereiro de 2008, Benassuly foi empossado titular do Centro Estratégico Integrado.
Com a entrada de Benassuly, o delegado Justiniano Alves sai da Delegacia Geral para assumir a Superintendência do Sistema Penal (Susipe). O secretário Geraldo Araújo justificou ontem em solenidade na praça da República, que Justiniano tem uma capacidade muito grande de 'gestão' e será muito bem aproveitado na Segurança Pública. Na verdade, esta foi a oportunidade que a governadora Ana Júlia aguardava para devolver o cargo a Benassuly, policial militante que atuou como presidente do Sindicato da Polícia Civil e que goza de todo prestígio junto à governadora e ao secretário.
O comando da Polícia Militar passou para as mãos do coronel Luiz Dário da Silva Teixeira, que deixou o Subcomando para assumir o Comando Geral. Ele é considerado entre oficiais e a tropa um policial linha dura, disciplinador e, principalmente, operacional. Uma de suas características é estar na linha de frente das operações.
Mas, na verdade, a entrada do coronel Dario está sendo considerada como um rito de passagem. Especula-se que ele não é o preferido da governadora nem mesmo do próprio secretário. No entanto, na Polícia Militar há uma força maior chamada hierarquia, e que possui grande peso na hora de qualquer escolha para o comando.
O coronel Dario, amparado pela hierarquia, é a chamado de a 'bola da vez' na sucessão, o que inibiu a ascensão do coronel Mário Solano, do Comando de Missões Especiais (CME), também de perfil disciplinador e que comanda as tropas de elite. O antigo comandante da corporação, coronel Luiz Cláudio Ruffeil, fica ainda sem função.
Relatório - Antes de passar o bastão para Benassuly, Justiniano deve entregar à governadora um balanço das atividades da PC em 2008, período em que esteve à frente da Delegacia Geral. Entre os dados que serão divulgados, o delegado destaca uma queda de 18% dos casos de latrocínio, uma 'sensível diminuição' no número de assaltos na saída de agências bancárias, a 'saidinha', e um saldo de 16 mil prisões no Estado. Os números, promete ele, serão disponibilizados na página da PC na internet para quem quiser consultá-los.
Lição - O presidente da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), o advogado Marco Apolo Santana Leão, declarou que espera um desempenho muito melhor de Benassuly e que acredita na competência dele para o cargo. 'Ele é um bom delegado, sempre foi próximo das entidades de defesa dos direitos humanos e movimentos sociais, mas a declaração que ele fez (em relação à menina de Abaetetuba) foi infeliz', observou. Para Marco Apolo, 'o episódio deve ter trazido várias lições para ele'.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estranha a postura de concordância da SPDDH. Será que a entidade recebe verba do governo federal?

A nomeação do delegado parece ter o condão de punir a sociedade paraense e a imprensa que criticou a segurança pública, "tipo assim" "vocês vão ter que me engolir".

É a velha e indecente regra "manda quem pode, obedece quem tem juizo".

Anônimo disse...

Só mesmo no Pará "Terra de Direitos", acontece isso. O que aconteceu para melhorar a reputação de Benassuly, depois de atabalhoada declaração no Congresso Nacional?
Será que temos agora aqui, em Belém, uma "NeverLand" tupiniquim? Afinal, são tantas denúncias de pedofilia, que deixaria Michael Jackson, pálido de espanto.
Um Peter Pan paraense que se recusa a crescer, passando a ver vida como aventuras mágicas?
Sei não. Quando penso que as decisões administrativas começam a tomar um rumo sério, voltamos a estaca zero.
O que será que passa na cabeça de nossa governadora?
Sei lá. É melhor nem tentar descobrir.