No site da Prefeitura de Belém, uma “mentira estruturante”

Advogados de empresas caloteadas pela Prefeitura Municipal de Belém ficaram em polvorosa, na sexta-feira passada, quando deram uma passadinha pelo site de notícias da PMB.
Dêem uma olhadinha na imagem do site aí em cima. Olhem só a foto de Sua Excelência com a fachada até o talo, literalmente até o cabelo de Photoshop.
Enfim, esses são outros 500 (podem ser até 500 Photoshops, se quiserem).
Pois é.
Quando os advogados passaram lá pelo site da Prefeitura, depararam com a informação que tem o seguinte título e ainda está disponível para quem quiser ler: TJE-PA libera contas do município e prefeito cria comissão.
Contas?
Liberadas?
Ahãaaaa...
Ninguém entendeu nadida de nada.
Ninguém entendeu neca, neca - como dizia Jaime Bastos, o estupendo narrador esportivo, quando ainda estava em atividades na Rádio Liberal.
Por que ninguém entendeu?
Porque, no mesmo dia, o site do Tribunal de Justiça do Estado, em referência ao mesmíssimo assunto, destacava informação com este título: Justiça mantém bloqueio de valores do Município de Belém.
Os advogados das empresas caloteadas, que esperavam receber aquilo a que têm direito por meio de precatórios no valor de R$ 34 milhões, foram então ler melhor a notícia no site da Prefeitura.
Leram isto:

A comissão da Prefeitura Municipal de Belém é formada pelos secretários de Finanças, Walber Ferreira; Assuntos Jurídicos, Alynne Athayde, e Gestão e Planejamento, Edilson Ramos Pereira. Este grupo foi definido depois que o prefeito Duciomar Costa recebeu, na manhã desta quinta-feira, 15, na Câmara Municipal, cópia do despacho da presidente do TJE-PA, desembargadora Albanira Bemerguy, que suspendeu o bloqueio de valores na conta do município.

Uma vez lido esse parágrafo, voltaram ao site do TJE e leram isto:

A desembargadora Albanira Bemerguy, presidente do Tribunal de Justiça do Estado, em apreciação de pedido de reconsideração protocolizado pelo Município de Belém, referente ao bloqueio de valores para pagamentos de ações de precatórios, determinou que todo o montante seqüestrado fique depositado na conta do Tribunal de Justiça, até ulterior deliberação. A presidente determinou a notificação do Município para que, no prazo de 30 dias, apresente razões complementares ao pedido de reconsideração, com planejamento orçamentário para pagamento dos débitos. Os valores seqüestrados junto ao Fundo de Participação dos Municípios correspondem a cerca de R$ 34 milhões.

Pelo sim, pelo não, os advogados preferiam consultar o TJE.
Foram lá e ouviram que a Prefeitura Municipal de Belém está mentindo em seu site.
Não ouviram tal afirmação com essas palavras, é claro.
Mas o que ouviram teve esse sentido: o de que a Prefeitura Municipal de Belém divulgou uma notícia de mentirinha.
Ah, sim. E essa mesma notícia de mentirinha da prefeitura é aquela mesma que, conforme o blog já destacou, comete a originalidade de mudar o curso dos tempos, a rota imutável dos tempos, ao fazer o início do governo Edmilson Rodrigues retroagir de 1997 para 1994.
Digamos que essas todas sejam, digamos, mentiras estruturantes.
Mas são mentiras.
Sobre isso, não há dúvida.