segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

No meio do caminho tinha um assaltante

No AMAZÔNIA:

A violência em Belém não está perdoando nem os estudantes que lutam o ano inteiro para conseguir uma vaga no Ensino Superior. Ontem, na segunda fase de provas do Processo Seletivo Seriado (PSS) da Universidade Federal do Pará (UFPA), 15 candidatos registraram boletins de ocorrência por assalto quando se deslocavam para participar do processo seletivo. 'Lamentamos o ocorrido e, a cada fase do PSS, solicitamos antecipadamente reforço policial, já que os bairros do Guamá e da Terra-Firme são locais de alta periculosidade', disse Luiz Acácio Centeno, diretor do Centro de Processos Seletivos da UFPA(CEPS).
Além dos assaltos, a segunda fase do PSS foi marcada por outros fatos inusitados, como candidata que deu à luz na véspera da prova e professor preso por cola.
A segunda etapa reuniu pessoas que cursaram a segunda série do ensino médio em 2008 ou que já concluíram o médio. A prova teve cinco horas de duração e foi composta de 54 questões de múltipla-escolha, cada uma com cinco opções de resposta. Os estudantes responderam a questões de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Literatura, História, Geografia, Física, Química, Matemática e Biologia. Estavam aptos para a segunda fase 46.495 candidatos, dos quais 37.150 disputam vagas por serem concorrentes que já concluíram ou estão concluindo o ensino médio.
A prova foi aplicada em 43 locais da capital e 44 do interior. Em Belém, cinco pessoas fizeram o exame em hospitais, acompanhados de dois fiscais, cada.
Das hospitalizadas, apenas a técnica em Laboratório, Marinalva dos Prazes, solicitou atendimento ontem. Ela planejava dar à luz somente no dia 16, mas o primeiro filho, Lucas, veio antes do tempo, às 23h de sábado.
Marinalva fez a prova ainda sentindo o mal-estar provocado pela anestesia, mas acredita que tem chances de passar para a última etapa do seletivo para Letras.
Em outro hospital, a estudante Dienne da Silva, de 16 anos, pôde fazer a prova da UFPA enquanto se recupera de tratamento no intestino. Ela já havia perdido a prova da Universidade do Estado do Pará (Uepa) porque estava em cirurgia quando foi realizado o Prise.
Familiares da adolescente revelaram que ela estava tranquila, apesar da situação inusitada. Como os demais parentes de vestibulandos, ninguém pôde ficar ao lado de Dienne enquanto a prova era aplicada.
Em frente ao portão do campus principal do Guamá, cerca de trinta pessoas aguardavam os vestibulandos. No portão 2, havia menos gente e, entre os pais, o motorista Enival Barbosa levou até cadeira para dar uma cochilada.
Enivaldo narrou uma verdadeira maratona vivida por ele e pela filha para chegar ao campus. Eles saíram de casa às 5h, na Marambaia, precisando se deslocar para a avenida Almirante Barroso para apanhar um ônibus. Quando chegaram à altura da José Bonifácio com a Bernardo Sayão, decidiram ir andando para o campus porque o trânsito estava lento. Assim fizeram outros, contou.
Ao todo, 11 candidatos Portadores de Necessidades Educativas Especiais participam do PSS 2009. Em Belém, os candidatos com deficiência visual fizeram a prova no Ifet (ex-Cefet) e os demais no Atelier de Artes da Universidade. Nesta etapa, foi solicitado por um candidato da Lupa Eletrônica, equipamento que se constitui de uma microcâmera aliada a um circuito eletrônico que consegue ampliar as letras em até 40 vezes.

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