Vivemos um momento de pandemia, sem dúvida.
Mas também de esquizofrenia.
Eu, por exemplo, só vejo fascistas no horizonte. Bolsonaro à frente, é claro.
Tenho medo deles. Porque fascistas, realmente, me apavoram.
Mas bolsonaristas, já descobri, têm medo de mim. Porque sabem que fascistas a mim me causam asco.
Então, é o seguinte.
Golpe por golpe, todo mundo está com medo.
Antibolsonaristas têm a clara impressão de que Bolsonaro, presa de tentações fascitas, está preparando um golpe. Só não partiu para os finalmentes (como diria Odorico) porque ainda não conseguiu convencer as Forças Armadas a lançar mão das arminhas para sepultar o regime democrático que, bem ou mal, sustenta-se no Brasil.
E os bolsonaristas?
Também acham a mesma coisa.
Acham que todos aqueles que prezam a democracia, que denunciam as tentações fascistas dos bolsonaristas e consideram Bolsonaro um incapaz - intelectualmente e moralmente - para dirigir o País estão armando um golpe para retirar do cargo o presidente eleito.
Há um detalhe, todavia, nada desprezível em meio a essa esquizofrenia: quem está no poder é Bolsonaro. Ele é que, em tese, detém alguns trunfos bem eficazes para aplicar um golpe que seu próprio filho já previu.
Por seu perfil, por sua trajetória autoritária (de quem faz apologia a torturadores), pelo desprezo ao decoro com que se porta, pela apoio explícito, escancarado e escrachado a manifestações golpistas, pelas agressões à Imprensa, por sua capacidade de manter o país em crise desde 1º de janeiro de 2019, por tudo isso e muito mais, Bolsonaro oferece há 18 meses, todo dia, o dia todo, as demonstração mais evidentes de que, sim, é um golpista frustrado.
Até ele aplicar um golpe, é claro.
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