quarta-feira, 3 de junho de 2020

UFPA não é citada uma vez sequer em estudo que amparou o governo do estado a abrandar o relaxamento social


É um espanto, verdadeiramente um espanto, que até o presente momento nem o governo do Pará, nem tampouco a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectec) tenham dado um pio sequer sobre o desmentido à afirmação, absolutamente inverídica, de que a Universidade Federal do Pará (UFPA) teria participado de estudo técnico que amparou a decisão do governador Helder Barbalho de levantar o lockdown.

Tal informação inverídica foi para o ar, na Agência Pará, no dia 25 de maio, como se pode ler aqui. Até agora, a matéria continua no ar (vejam na imagem acima), sem nenhuma alteração em seu lead (abertura), que diz a seguir.

Os números de casos confirmados e casos de óbitos causados pela Covid-19 na Região Metropolitana de Belém alcançaram o nível de estabilidade e apresentam tendência de queda. É o que afirma um estudo realizado pelas Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e Universidade Federal do Pará (UFPA) com apoio do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Fundação Amazônia de Apoio a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Pará (Prodepa). O último Relatório Técnico do estudo foi divulgado no sábado (23).

Pois o Espaço Aberto foi ver a íntegra do RelatórioTécnico mencionado na matéria. Procurou de cabo a rabo, de fio a pavio e não encontrou sequer uma menção à Universidade Federal do Pará. Mais precisamente, no texto há apenas uma menção: a sigla UFPA está presente ao final do texto, acompanhando as qualificações de um dos autores do estudo, o professor Rommel Ramos, do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA.

Vejam abaixo.

 

Como podem ver, é apenas essa a referência. Isso não significa que, mesmo com a participação de um de seus pesquisadores no estudo, a própria UFPA, como instituição, tenha aderido a uma pesquisa cuja influência, ressalte-se, foi decisiva e determinante para o governo do estado convencer-se de que era adequado relaxar o isolamento social.

Manifestar-se o governo Helder Barbalho seria mais do que relevante, sobretudo neste momento em que se discutem tanto os efeitos danosos, para não dizer criminosos, das fake news.

Se jornalistas, sendo eles blogueiros ou não, disseminassem essa informação errônea, seriam tratados de que forma? Seriam tratados como profissionais que erraram – e errar é uma contingência de qualquer profissão - ou como criminosos que deliberadamente e dolosamente estariam produzindo notícias falsas em prejuízo do governo do Pará e da sociedade?

Se a Sectet do governador Helder enganou-se, equivocou-se ou teve uma percepção errada sobre certos detalhes que a induziram a informar erroneamente sobre a participação da UFPA no estudo, por que não corrigir-se? Por que não dizer que errou? Por que não se retificar?

Todos erramos, volto a dizer. Se nós, jornalistas, erramos e não nos corrigirmos, exibiremos uma demonstração inequívoca de que não temos apreço à verdade. E, além disso, exibiremos uma arrogância intolerável.

E a Sectet, sem corrigir-se, não estará se portando com um solene desapreço à verdade e com um apego maior ainda à arrogância?

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