terça-feira, 12 de junho de 2012

BRT, eis algumas questões


Engarrafamentos colossais, buzinaços infernais, colisões, brigas e discussões formam o caldeirão de cultura do caos nosso de cada dia no trânsito de Belém. Caos que se agrava ainda mais com as obras do BRT, reduzindo espaços de circulação de veículos nos principais corredores de tráfego da cidade. Por falta de planejamento, que reclama toda grande obra que interfere na vida da cidade, a CTBel tateia nas mudanças do trânsito pesado, com a adoção de medidas e ações improvisadas na base da tentativa e erro, certamente o método menos eficaz e mais oneroso de aprendizagem na gestão pública. O certo é que a obra, sendo eleitoreira ou não, já começou e se parar agora o caos será ainda maior.  As ruas de uma cidade são com o as veias do corpo humano: quando entopem provocam o colapso e a morte do organismo. Belém já estava mesmo parando, confirmando histórica previsão dos japoneses da JICA, ao projetarem na década de 80 o primeiro Plano Diretor de Tráfego Urbano para a cidade, com sugestões de medidas e obras viárias já então consideradas "inadiáveis" para evitar que a cidade "parasse por volta de 2010" (sic)
Os noticiários de jornais , rádios e Tvs dão conta do sufoco diário enfrentado pelas pessoas que precisam se deslocar para trabalhar ou estudar e estão chegando com atraso no trabalho e nas escolas, sem falar nos prejuízos das empresas e custos adicionais para os motoristas, com reflexos na saúde e equilíbrio emocional devido a situações de elevado grau de estresse. As mudanças cosméticas adotadas pela Ctbel tem revelado pouco efeito prático. Anunciar novas "araras" para monitorar o trânsito de Belém na situação em que se encontra soa até como sandice. O momento reclama medidas sensatas e soluções criativas. De nada adiantam agora críticas e murmurações. A situação é de exceção e requer também a quebra de paradigmas. Alguém sugeriu a mudança do horário do comércio para coincidir com o dos bancos e shopings, abrindo a partir das 10 horas. Essa medida teria mais efeito prático do que o rodízio de veículos ou o apelo patético para motoristas particulares deixar seus automóveis em casa para andar em ônibus quase sempre lotados, sujos e sucateados.
O rodízio de veículos só vai atingir quem tem apenas um carro. Os mais abastados, como sempre, vão levar vantagem. Outra medida que se faz urgente é criar um novo corredor de tráfego a partir da Passagem Mariana, interligando-a com outras vias alternativas para permitir aos veículos que trafegam pela João Paulo II alcançar a BR-316 após o Lider BR, desafogando consideravelmente o fluxo na Rotatória do Complexo do Caos. Outra ação necessária seria permitir a conversão à esquerda nas vias de mão única que atravessam a Marquês e a Duque, medida simples que evitaria mais congestionamentos. É também indispensável que os trabalhos do BRT sejam desenvolvidos em turnos contínuos (manhã, tarde e noite) como se faz no Japão, na China e em Dubai para reduzir o tempo da obra e seus efeitos predatórios sobre a vida da cidade e de seus moradores .
Seria de todo conveniente também que os técnicos do Projeto Ação Metrópole, do governo do Estado, acompanhassem o andamento das obras do BRT, até pela interação que se faz necessária entre os dois projetos, que se completam.
Algumas perguntas sobre o projeto executivo do BRT do Dudu (nunca apresentado à Imprensa) que não querem calar: O que fazer com o monumento da Cabanagem ( no Entroncamento), projeto de Oscar Niemeyer para dar espaço aos viadutos? E o Chapéu do Barata, em São Brás, vai continuar ali sem função e sem visitantes com a construção do Terminal de Integração? O viaduto meia-sola da Bandeira Branca vai continuar "impávido colosso" mesmo atravessando o canteiro central da Almirante Barroso, o mesmo espaço da via expressa do BRT?
E os cruzamentos mais movimentados da Almirante Barroso, como Humaitá, Mauriti e Lomas terão viadutos ou túneis?
A prefeitura de Dudu não esclarece esses pontos nem os vereadores da Câmara Municipal de Belém parecem preocupados com eses temas.
Por outro lado, o cidadão-eleitor-contribuinte também merece ser informado quanto a origem dos recursos e valor total da obra em placas bem visíveis, como recomendam as boas práticas de transparência na gestão da "coisa" pública, objeto agora de mais uma Lei do Acesso à Informação, que obriga os agentes públicos a prestar contas ao contribuinte e não mais apenas aos Tribunais Camaradas. As placas dos "obaminhas" são até divertidas, mas não mostram o essencial. Logo, se o BRT é inevitável, que sejam pelo menos adotadas medidas eficientes de gestão no trânsito e no tráfego para evitar que a cidade possa entrar em colapso total e em estado de calamidade pública. É a nossa opinião, smj.

----------------------------------------------------

FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@yahoo.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

Ei seu Francisco, já que não esclarece nada, por que o senhor não entra com uma açºao popular, a fim de garantir o princípio da publicidade dos atos da Administraçºao Pública????

Anônimo disse...

Ai é querer demais.
A prefeitura sequer consegue calcular o tempo em que um sinal deve ficar aberto mais de um lado que do outro, como no caso, e nos horários de pico, da tv 14 de março com as ruas diogo móia, antônio barreto e domingos marreiros, que dirá nessa obra do BRT.
Quem sabe se colocar um Obama lá na 14, naquelas esquinas, as coisas melhorem.

SAGRADA FACE DE JESUS disse...

Se a vontade do Poder Público (Dulciomar) fosse realmente ajudar a população (ano das eleições - concidência?). Mas acredito no homem, apesar de político.Agora esta obra vai acabar antes das eleições, ou vai ser mais uma de suas obras "gatinheiras" ?