segunda-feira, 25 de junho de 2012

Lamarão fala de cocaína, corrupção, Judiciário. E de Jader.



O advogado Paulo Lamarão está de volta. É ele contra Jader Barbalho.
O embate entre os dois, que começou no início dos ano 80, quando Jader se elegeu pela primeira vez governador do Pará, estendeu-se por mais de duas décadas, rendeu livro, manchetes em jornais, repercussão na Imprensa Nacional e respingou em figuras do Judiciário.
Até que Lamarão pegou um Ita e foi se embora pra Fortaleza, onde se encontra desde 1989 e reside no numa casa que ganhou o status de único bem que lhe restou, segundo ele em decorrência das perseguições que passou a sofrer depois que começou a tornar públicas denúncias contra o atual senador do PMDB.
"Eu perdi tudo. Só tenho essa casa, onde nós estamos batendo esse papo. O resto eu tive que vender, dada a perseguição. É uma luta [contra a corrupção] meio inglória", diz Lamarão neste vídeo que está no YouTube desde 20 de abril deste ano.
O título, Jader, O Reflexo de um País Corrompido, é definido como "um filme de Paulo Lamarão". Mas não é bem um filme. E nem tampouco um documentário. É mais um depoimento de Lamarão, advogado agrário que começou a carreira no escritório de Otávio Mendonça, um dos maiores advogados do Pará, foi professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) e chegou a presidente do Iterpa (Instituto de Terras do Pará).
O vídeo, de 1 hora e 18 minutos, tem mais ou menos uns 40 minutos com depoimentos de Lamarão sobre sobre sua briga com Jader. O restante inclui imagens do filme Manda Bala (documentário americano dirigido por Jason Kohn, sobre a corrupção e o sequestro no Brasil, premiado no Sundance Film Festival, em 2007.) e outras que remontam inclusive ao lançamento do Plano Collor. A produção é Bruno Toscano e Ricardo Vilhena. A direção e fotografia são assinadas por Cláudio Pinto.
A realização é atribuída ao Eu Protesto pelo Brasil e Amigos, Revoltados Online, União de Combate à Corrupção, Nas Ruas.Br, Apoio Incondicional a Eliana Calmon. Todos são grupos criados no Facebook que discutem temas ligados à corrupção. Só o grupo que apoia Eliana Calmon, ministra do STJ e corregedora nacional de justiça, tem mais de 17 mil membros.
Lamarão conta que sua disputa com Jader começou quando ele, como governador, desapropriou a chamada Gleba de Conceição do Aurá, na Região Metropolitana de Belém, por 8 bilhões de cruzeiros na época e uma área de 2 mil hectares. Lamarão sustenta, no entanto, que no curso do processo apurou-se que as dimensões se limitavam a apenas 104 hectares.
Paulo Lamarão não poupa o verbo contra o Judiciário. "Quem tem dinheiro e advogado bom não vai preso, não é julgado e nem condenado. É o caso do Jader, que tem os melhores advogados do país. Tem uma bateria, tem dezenas de ações populares, ações civis contra ele, mas nunca foi condenado", afirma o advogado.
Autor de 12 ações populares propostas contra o atual senador do PMDB, Lamarão confirma no depoimento a informação de que em 2001, quando Jader renunciou à presidência do Senado em meio a uma disputa feroz com o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), ajudou a abastecer ACM e o Ministério Público com documentos que amealhou durante 20 anos, sobretudo em relação ao caso referente a desvios de recursos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
"O Antônio Carlos Magalhães me procurou, mandou emissários aqui e eu dei tudo o que eu tinha contra o Jader. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Naquela época, era preciso derrubar o Jader. Se o Jader não tivesse sido derrubado, quem estaria sentado na cadeia do Michel Temer [atual vice-presidente da República], na minha opinião, seria ele, Jader Barbalho. E nós estaríamos correndo um risco muito maior do que agora, com a volta dele ao poder", diz Lamarão.
No vídeo, Lamarão se refere à sua prisão, sob a suspeita de envolvimento com tráfico de cocaína. "Eu nunca me envolvi com tráfico de cocaína e nada disso", garante o advogado. Ele conta que um amigo seu, de Belém, acusado de traficar cocaína juntamento com uma cabeleireira famosa de Fortaleza, indicou à polícia Paulo Lamarão como pessoa de suas relações, levando a polícia a fazer vinculações entre o advogado e o esquema de tráfico. Até ontem, o vídeo já somava cerca de 2.580 visualizações.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho que isso é um bom requentado. Nada de novo existe nesta entrevista. E esse Lamarão, de santo nao tem nada.