Por LEOPOLDO VIEIRA, no blog Juventude em Pauta!, de Leopoldo Vieira:
Uma pérola a reportagem de hoje, 27/06, "Sucessor de Lugo: 'Não quero problemas com Brasil’", no Estadão.
Ela dá algumas pistas importantes sobre os movimentos de Frederico Franco:
1) Ele se apoia no agronegócio dos brasiguaios para emparedar o governo brasileiro, que é quem tem peso para uma retaliação mais forte e com consequências reais na vida política do país golpeado. Se Brasil só agir na diplomacia, o Paraguai não sofre maiores impactos. Os brasiguaios são a CNA de lá, que participaram da trama da queda de Lugo para evitar reforma agrária. Podemos dizem, sem dúvida, que este setor compõe a classe dominante local, assim como os CEOs das multis a do Brasil. Chega a ser cínico seu mantra segundo o qual, antes, a resposta que os latifundiários brasileiros radicados no vizinho tinham por parte da embaixada brasileira, quando haviam conflitos agrários, era de que o Paraguai era uma país autônomo,.
2) Ele diz não se preocupar com a política externa no momento justamente porque sabe que, com o Brasil ter rejeitado retaliações de ordem econômica junto com Uruguai, Franco não tem o que efetivamente temer, já que, internamente, tem apoio da maioria do congresso e do judiciário e as classes dominantes, pelo menos na operação golpista, estão coesas. Já o movimento de Lugo, embora incomparável ao que temos no Brasil, por exemplo, em termos sociais e partidários, foi desmoralizado pelo próprio "presidente da resistência" quando este aceitou ser julgado pelo Senado.
3) A partir disso, Franco não se preocupará mais com Lugo, até porque quanto menos falar nele, mais irrelevante o tornará. E não se importa, também, com a TV Pública criticando seu governo porque sabe que ela não tem a audiência dos meios privados, que, claro, estão todos apoiando os golpistas.
4)Ao ser "Jango" e não "Brizola, dizendo ter acatado a "institucionalidade" para evitar um banho de sangue, Lugo criou um argumento para Franco, que é exatamente ter aceitado assumir para "evitar uma guerra civil". No mais, seus argumentos são frágeis e sua retórica escorregadia.
O que se pode ler até agora é que, enquanto as elites do continente aprenderam com a história, seja a derrota do golpe anti-chavista em 2002, seja com a ineficácia de seu golpismo no Brasil em 2005, ou com as consequências da aventura dos militares argentinos, julgados, condenados e presos, e criaram o golpe constitucional. A versão paraguaia é o aperfeiçoamento do que houve em Honduras. Lá, o exército sequestrou o ex-presidente Zelaya de piajamas, em sua casa. Era ainda uma transição do modelo que solapou o poder do padre Aristide no Haiti com essa inovação hodierna.
Já o povo, a esquerda, no Paraguai sequer aprendeu com a experiência brasileira em 64. Lugo foi expulso do poder em 48 horas, sem-mais-aquela. E nem preso foi. E ainda declarou que "só um milagre" pode reconduzí-lo ao poder.
Realmente, sem, retaliação econômica, registre-se, APÓS a capitulação do ex-líder no dia de sua deposição, só milagres mesmo.
Vamos ver o que os próximos dias o que nos reservam...
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