O Pará é dono da maior província mineral do Brasil, com cerca de 80% das reservas nacionais de bauxita, 68% de cobre, 22% de ferro e 17% de manganês. Com peso de mais de 92% na balança comercial paraense, a mineração terá, até 2016, investimentos na ordem de US$ 41 bilhões. Atualmente são gerados pelo setor 232 mil postos de trabalho diretos e indiretos, com a previsão de que mais 113 mil postos sejam criados até 2016.
Mas até hoje o portento das jazidas riquíssimas não se traduziu em um índice de desenvolvimento humano desejável. Depois do ciclo da exploração do ouro nos garimpos do Tapajós, na década de 1970, e em Serra Pelada , a lavra deixou grandes crateras no Oeste e no Sul do Pará.
É notória a falta de real integração intergovernamental e do entrosamento com a sociedade para a elaboração de uma política mineral no Estado, que estabeleça parâmetros e critérios para o desenvolvimento sustentável da atividade, dentro de normas e condições que permitam a preservação do meio ambiente.
O Parlamento é por definição o espaço do diálogo, da discussão de todas as questões que envolvem a vida em sociedade, na busca das melhores soluções, aquelas que atendam ao interesse público. Dentro dessa prática cotidiana da democracia, muitas vezes o parlamentar identifica situações que exigem uma mobilização mais vigorosa e articulada de parcelas da comunidade em defesa de suas justas reivindicações. Assim o deputado Raimundo Santos, líder do PR e presidente da Frente, encara o surgimento dessa engrenagem, destinada a diagnosticar e criar condições políticas para a implantação das necessárias mudanças.
“Os impactos causados pela mineração, associados à competição pelo uso e ocupação do solo, geram conflitos socioambientais pela falta de metodologias de intervenção que reconheçam a pluralidade dos interesses envolvidos. Só com o real conhecimento do seu potencial o Estado poderá trabalhar com planejamento e voltado a uma política sustentável de desenvolvimento do setor. A Lei Kandir, que desonera a exportação de minério bruto e semielaborado, precisa ser enfrentada, através de debates de contribuições de especialistas, a fim de encontrar uma saída para que o Pará seja melhor compensado pela exploração da atividade mineral. Todos reconhecem que a mineração é quem mais emprega e mais investe no Pará. As primeiras ações da Frente já estão sendo programadas para os municípios que abrigam projetos minerais. Dias 23 e 24 deste mês visitaremos o município de Paragominas e a agenda toda será montada para os demais, após o recesso parlamentar de julho. Serão produzidos relatórios permanentes das atividades para informar a sociedade e ao poder público”, adiantou Raimundo Santos, destacando que a Frente tem como vice-presidente a deputada Bernadete Ten Caten (PT) e relator o deputado Gabriel Guerreiro, líder do PV.
O presidente da Alepa, deputado Manoel Pioneiro(PSDB), realçou que o registro, o acompanhamento e a fiscalização das concessões de direito de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais são de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em seus respectivos territórios. E que o desenvolvimento sustentado, sob um enfoque atual e coerente, não é possível sem o aproveitamento racional e oportuno dos recursos disponíveis, inclusive os não renováveis: “Para isso, a Frente Parlamentar vai congregar empresas, trabalhadores, consumidores, administração pública, universidades, entidades de classe, de órgãos reguladores e de fiscalização”.
Já o deputado Edmilson Rodrigues, líder do PSOL, lembrou do avanço que foi a recente aprovação unânime, na Alepa, da criação da Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários. Ele também destacou a Lei Kandir, que isenta a exportação de minério da cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), impondo uma grande injustiça social ao povo do Pará.
O presidente do Simineral, diretor do Ibram e gerente da Vale, José Fernando Gomes Jr., frisando que as divergências com o governo do Estado são pontuais – em referência sutil ao questionamento judicial da TFRM, foi o primeiro a aderir à Frente Parlamentar, seguido pelos representantes dos órgãos de classe e mineradoras presentes na solenidade na Alepa.
“A Frente Parlamentar traz reconhecimento à importância que o setor mineral representa no desenvolvimento do Estado do Pará, tanto pela sua complexidade e magnitude, quanto pela demanda por produtos e serviços, o que lhe confere a condição de grande indutor de desenvolvimento do Estado. O Simineral tem como maior compromisso criar um ambiente institucional favorável à inserção competitiva e ao desenvolvimento sustentável da indústria mineral no Pará. A convergência por uma indústria mineral moderna, sustentável e competitiva é possível, e o diálogo é certamente o melhor caminho. É preciso conhecer mais sobre as dimensões da atividade, seu cotidiano, seu envolvimento com as comunidades, sua importância para a indústria de transformação, comércio, agropecuária e conservação do meio ambiente, promovendo um diagnóstico completo da mineração do Estado. A Frente Parlamentar será o foro adequado para este tipo de discussão”, asseverou Fernando Gomes Jr..
O deputado Raimundo Santos acredita que o movimento abrirá um canal para discutir diretrizes que contribuam para promover uma mineração mais sustentável na região, criar redes de fornecedores nos empreendimentos locais, sugerir alternativas econômicas após o encerramento das atividades minerais e, acima de tudo, incentivar a verticalização da produção mineral, já que o Pará é um dos principais produtores de minério do Brasil.
Dentre os desafios estão a melhoria da qualidade de vida da população paraense, a adoção de políticas de fomento à inovação e ao desenvolvimento sustentável em municípios mineradores, o incentivo à captação de investimentos e à verticalização da produção mineral paraense. O movimento também está comprometido com o fomento à capacitação e ao aproveitamento da mão de obra local.
Texto: jornalista Franssinete Florezano
2 comentários:
Bela iniciativa.
Tomara que além de boas propostas, propicie um bom debate com a sociedade e com participação dela.
Sobre a mineração, que é nosso "petróleo", é hora de dividir alhos e bugalhos no meio político, trazendo à luz do sol todos aqueles que servem aos interesses brutais da Vale e Cia.
De saída, sabemos que o atual governador foi consultor da multi e que Ana Júlia, através da sua ex-secretaria de formação bruta de capital fixo, M 1 à frente, defende a Vale veladamente com esse papinho de que a taxa vai criar obstálucos ao idílio demagógico chamado ALPA e a "indstrialização" assentada em chapas de aço (ká-ká-ká-ká-ká)
Obrigada, Paulo!
A legislação internacional e até a nacional são muito rígidas mas falta que exijam ser cumprida.
Até que enfim a Alepa se dispôs a liderar esse debate.
Há décadas a mineração domina a economia paraense mas o nosso povo fica sempre de fora da enorme riqueza propiciada pelo subsolo.
É preciso impedir os erros do passado e estabelecer com as mineradoras novas relações, nas quais o pacto seja feito em prol da sociedade e não em torno de apoio a campanhas dos políticos.
Beijão! :)
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