Então, vejam vocês, Sua Excelência a governadora Ana Júlia (PT) está aos poucos se acertando com Sua Excelência o prefeito Duciomar Costa (PTB).
Jader Barbalho, o presidente regional do PMDB, aquele que mandou seu jornal, o Diário do Pará, dar um time na pancadaria que vinha fazendo contra o gestor nos últimos meses, pois ele, Jader, é que não deve estar gostando dessa parceria.
Em matéria assinada no Diário de ontem, o repórter Carlos Mendes informa que a governadora já prometeu dar uma forcinha na aprovação do orçamento de Belém para este ano.
Como será a forcinha?
Será assim.
Os petistas – intrépidos petistas, opositores incondicionais de Duciomar – serão chamados para uma conversinha no Palácio dos Despachos.
Ou então, o que é mais provável, receberão emissários do Palácio dos Despachos – normalmente, o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, ou seu imediato, o consultor-geral do Estado, Carlos Botelho.
Os vereadores petistas receberão um pedido da governadora: que aprovem o orçamento e, em troca, terão da Prefeitura de Belém a garantia de que cada parlamentar poderá apresentar emendas no valor de até R$ 300 mil, R$ 150 mil a mais do que ser prevê originalmente.
Os petistas vão aceitar esse, digamos, enquadramento por parte do governo do Estado?
Sabe-se lá.
Mas uma coisa é certa: se vingar esse acordo na Câmara, a parceria entre PTB/PR e governo do Estado vai se estender à Assembleia.
Por quê?
Porque Ana Júlia, em contrapartida da forcinha que der na Câmara, não vai dispensar de pedir que Duciomar a ajude mandando os quatro deputados estaduais petebistas aprovarem o pedido de empréstimo de R$ 366 milhões do governo do Estado junto ao BNDES.
É o que fatalmente ocorrerá.
Esperem e verão.
Verão que a parceria vai continuar – se for bem-sucedida na Câmara.
E Jader, repita-se, não vai gostar.
Não vai.
5 comentários:
Quero aproveitar este fato relatado pelo pôster para expressar algumas reflexões sobre acordos políticos desse tipo, tão comuns em nossa “democracia tupiniquin” e de certa maneira aceitas por muitos como natural do “jogo democrático”. Pois bem, se é assim, quero pedir licença para insurgir-me contra o comodismo que torna tão “natural” essa prática. Não vou aqui fazer juízo de valor sobre a licitude dos atos que serão praticados com vistas ao cumprimento do suposto acordo entre Ana Júlia/Duciomar nos moldes descritos, embora tenhamos motivos de sobra para ficarmos alertas a essas movimentações, principalmente, ás vésperas de eleições.
Prá começo de conversa penso que não evoluirmos muito em matéria de fiscalização mais eficiente da aplicação dos recursos públicos e isso, pra mim, vale para todas as áreas e esferas da administração pública, mesmos considerando os esforços isolados de agentes públicos aqui destacando o desempenho de Procuradores da República e Promotores de Justiça.
Penso que a democracia brasileira dará um salto qualitativo quando os recursos públicos deixarem de ser meras peças de um jogo, ainda que este seja amenizado com o suave apelido de “jogo democrático”.
No caso em questão no Pará, se é tão importante para o nosso estado o empréstimo de 366 milhões pelo BNDES porque então os nobres deputados não o aprovam sem que seja necessário toda essa engenharia, ou, por outra, se não há essa necessidade porque devemos aceitar como natural que aprovem, por conta de um simples jogo político em que nós sociedade civil ficamos a milhas de distância?
Por outro lado, se as emendas dos vereadores são tão importantes para os cidadãos em Belém, que elas não servem a simples interesse eleitoreiro, porque não exigir-se que elas sejam cumpridas pelo prefeito, sem que para isto seja preciso “conversas”, algumas vezes impublicáveis?
Para mim essa visão mercantilista da política que a transforma num balcão de negócios e que em alguns casos chega ao absurdo de promover figuras de conduta ética duvidosa a excelentes negociadores já deu no saco.
E os interesses reais do Estado e do Município que se lixem.
Aguarde Ana Júlia, o Jader não é besta, ele já foi enganado uma vez... não pensas que ele nasceu ontem!!!
Espero que os vereadores do PT honrem os votos que receberam e não entrem nesse acordo sem escrupulos que a ana júlia assumiu com duciomar, diga-se de passagem esse acordo foi firmado antes das eleições rifando inclusive o candidato do pt.
Jáder não deve esquecer o que o Almir/Jatene/Mário Couto fizeram com ele, quando foi aberto o processo de cassação no Senado.
Ana Júlia não traiu o Jáder e tenho certeza que ainda tem o seu apoio, falta somente acertar a participação do PMDB no governo.
Agora o que não pode é a imprensa e alguns tentarem colocar seus desejos acima dos interesses dos paraenses.
Acho que esses acordos não são, de maneira alguma, falcatruas. A população (carente) está mais esclarecida.
A elite que me perdoe, mas agora é a vez do povo.
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