Na FOLHA DE S.PAULO:
O senador José Sarney (AP) disse ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o PMDB disputará a presidência do Senado em 2 de fevereiro. Afirmou ainda que o partido deseja que ele seja o candidato.
Lula, segundo a Folha apurou, respondeu que respeitava a decisão do PMDB. Agora, o Palácio do Planalto passa a administrar a possibilidade de um eventual confronto entre Sarney e o candidato do PT, Tião Viana (AC).
Ao longo do dia, Tião repetiu em vários momentos que não desistiria, nem mesmo a pedido de Lula. O Planalto ainda deverá trabalhar para evitar que a disputa entre PT e PMDB chegue ao plenário. Mas o próprio Sarney já disse a aliados que enfrentará o petista, se for necessário. Deixou claro para o presidente que será o candidato assim que for oficializado pelo PMDB, que não abre mão de ter um nome na disputa.
Segundo aliados, o peemedebista conta já com 58 dos 81 votos e que, portanto, Tião não seria páreo para um Sarney decidido a concorrer.
A pressão da ala do Senado pela candidatura de Sarney é forte. Esse grupo avalia que precisa de uma forte posição de mando para ter influência nos dois últimos anos do governo Lula e na costura de alianças para as eleições de 2010.
Além disso, motivos pessoais estimulam o peemedebista a concorrer. Sarney, dizem aliados, quer a visibilidade do cargo para recuperar o prestígio político do clã no Maranhão, que está enfraquecido, como ficou claro nas eleições municipais de 2008, quando o PMDB elegeu apenas 16 prefeitos.
Além disso, o comando do Senado daria ao ex-presidente da República força para tentar interferir nas investigações da Polícia Federal envolvendo um filho dele. Há suspeita de caixa dois nas eleições de 2006 de uma empresa comandada por Fernando Sarney.
A entrada de Sarney na disputa pela presidência do Senado pode embaralhar o jogo na Câmara dos Deputados. Lá, o favorito até agora era o deputado Michel Temer (SP), também do PMDB. A ideia de um partido controlar o Congresso inteiro não é bem recebida pelos outros partidos. O Planalto manterá a pressão para que o PT apoie a candidatura de Temer, que é avalizada por Lula.
Esta foi a quarta conversa de Lula com Sarney para discutir a sucessão no Senado. Nas três anteriores, o peemedebista disse que não seria candidato, embora atuasse nos bastidores para se viabilizar como tal. Ontem, Sarney chegou ao Planalto por volta das 19h e teve que esperar pelo presidente por mais de uma hora, pois Lula estava em uma reunião com as centrais sindicais. Eles conversaram por cerca de uma hora.
Na quinta, Sarney recebeu a ministra Dilma Rousseff em sua casa, e a ela deu indicações fortes de que seria candidato.
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