sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Prefeitura chega a acordo

No AMAZÔNIA:

Durou menos de 24 horas a greve dos trabalhadores da área da saúde do município de Belém. Eles decidiram pôr fim à paralisação - iniciada na noite desta quarta-feira - no final da manhã de ontem, depois de uma reunião com as secretarias de Saúde (Sesma) e Administração (Semad), na sede desta última. O encontro foi forçado por uma passeata que os servidores realizaram com início no Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN) e final em frente à Semad, na avenida Nazaré. Durante a audiência, ficou acertado que os trabalhadores da saúde não serão atingidos pelo decreto 57.192/2008, publicado no último dia 31 de dezembro, que determinou a perda das gratificações transitórias de todos os servidores municipais; que as faltas do dia de ontem serão abonadas e que será instalada uma mesa de negociação permanente para discutir a incorporação das gratificações e o Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos trabalhadores.
A concentração dos servidores no CAN teve início por volta das 9 horas. Com faixas, apitos e carro-som, eles decidiram seguir em caminhada até a sede da Semad para averiguar se o decreto 57.964/2009, que foi publicado ontem e que excluía os trabalhadores da saúde do corte, valeria já a partir deste mês ou se neste próximo pagamento os trabalhadores seriam atingidos pela determinação do decreto de 31 de dezembro. 'Nós temos um pé atrás com esse prefeito. Por isso, vamos até a Semad para saber se a folha de pagamento fechou com os cortes, porque se for assim, a greve vai continuar', disse o coordenador do Sindsaúde, Luís Menezes. Segundo ele, cerca de 9 mil trabalhadores, só da área da saúde, teriam os seus salários drasticamente reduzidos se o decreto da prefeitura realmente entrasse em vigor.
O vereador Marquinho do PT, que acompanhou toda a caminhada, parabenizou os servidores pela capacidade de mobilização e lamentou a situação da saúde no município. Ele comentou que há poucos dias recebeu uma denúncia grave acerca da situação dos renais crônicos de Belém e prometeu convocar uma entrevista coletiva em breve para dar maiores detalhes sobre o assunto.
Denúncias - Assim como ele, muitos outros servidores, inclusive de outros órgãos e de outras esferas do poder, aproveitaram o microfone e o carro de som para fazer denúncias. Uma trabalhadora do município criticou a falta de planejamento da Prefeitura a respeito do problema da dengue na capital paraense. Uma outra servidora ressaltou que a causa da manifestação não era só o decreto que corta as gratificações dos trabalhadores, mas também as péssimas condições de trabalho nas unidades de saúde e a falta de um Plano de Carreira, Cargos e Salário.
Já a advogada Maria de Jesus Bentes, ex-servidora do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que, em dezembro do ano passado, havia denunciado em rede nacional diversas irregularidades dentro do órgão, voltou a fazer denúncias sobre nepotismo, perseguição política e corrupção dentro do Tribunal. Depois de alguns minutos à frente da sede da Semad, os trabalhadores tiveram autorizada a entrada de uma comissão para discutir a problemática com a secretária municipal de Administração, Glória Albuquerque, e a secretária municipal de Saúde, Rejane Jatene, que chegou ao local debaixo de vaias.
A reunião, que durou mais de duas horas, contou ainda com a presença do vereador Marquinhos do PT e dos assessores jurídicos da Sesma, da Semad e dos trabalhadores. Ao final, chegou-se ao acordo e os trabalhadores decidiram pela suspensão da greve. Durante a audiência, os trabalhadores mantiveram a avenida Nazaré fechada no trecho em frente à sede da Semad. Homens da Polícia Militar e da Guarda Municipal acompanharam a manifestação de perto. Alguns manifestantes, mais alterados, também tentaram agredir o fotógrafo do jornal O LIBERAL, Eliélson Modesto, que tentava registrar o protesto. Eles acreditavam se tratar de um fotógrafo da prefeitura de Belém.

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