No AMAZÔNIA:
O medo mudou a rotina dos moradores do Guamá, apontado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, anteontem, como o bairro mais violento da Região Metropolitana de Belém. 'Hoje não sentamos mais na frente da nossa casa. Mesmo no pátio, que é gradeado, se a gente percebe algum movimento diferente entra todo mundo imediatamente'. O relato é da dona-de-casa Raquel Cardoso, 43, nascida no bairro. O temor da família aumentou depois que o pai dela teve uma arma apontada para a cabeça, na frente de casa, por causa de uma bicicleta.
Relatos como esse fazem parte do dia-a-dia de muitos moradores. Na casa da vendedora Maria de Nazaré todos têm pelo menos uma história de assalto para contar. 'Eu mesmo fui assaltada duas vezes. Meus dois filhos e minha filha também já foram assaltados. A gente vive com receio que aconteça de novo. Aqui em casa ninguém nem sai mais de noite'. A situação vivida por uma vizinha de Maria de Nazaré foi bem pior. A casa foi arrombada por bandidos armados, que fizeram uma 'limpeza' no local. Por medo de represália ela prefere não falar.
O medo, muitas vezes, impede as vítimas de denunciarem os assaltantes. 'Alguns são aqui mesmo da área. Eles conhecem a gente, conhecem a nossa família, podem tentar fazer alguma coisa contra a gente', acredita o comerciante Bertino Vanzeler. Mesmo sem nunca ter sido assaltado. ele mantém a padaria com as grades fechadas. O atendimento é feito por uma pequena janela. 'Mesmo assim não me sinto seguro. Um dia desses assaltaram o vigilante de uma obra aqui perto e levaram a arma dele. Todo mundo sabe quem são os assaltantes, mas ninguém tem coragem de falar.'
Os dados da Segup revelam que o Guamá se manteve como o bairro mais violento da RMB. O balanço de 2007 também destacava o local como o com maior incidência de crimes, com 2.067 ocorrências, contra 3.072 no ano passado.
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