terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Israel rejeita a pressão externa e intensifica ofensiva

Na FOLHA DE S.PAULO:

No décimo dia de ataques ao grupo fundamentalista palestino Hamas, a Europa intensificou ontem os esforços diplomáticos por um cessar-fogo imediato, mas Israel resistiu à pressão e aprofundou sua incursão militar na faixa de Gaza.
Enquanto uma missão da União Europeia (UE) se reunia em Jerusalém com diplomatas israelenses, o Exército ampliava sua incursão no território palestino, ocupando áreas usadas para o disparo de foguetes e apertando o cerco à Cidade de Gaza, que teve seus primeiros combates de rua.
Acuada pela maior ofensiva já desferida por Israel contra alvos palestinos, que destruiu grande parte da sua estrutura de poder em Gaza, a liderança do Hamas deu os primeiros passos para uma negociação. Uma delegação do movimento islâmico chegou ontem ao Cairo, onde hoje começará a discutir com diplomatas egípcios os termos de um cessar-fogo.

Diplomacia lenta
O Egito é uma peça-chave na busca por uma solução para a crise, por ser um dos poucos países que mantêm relações tanto com Israel como com o Hamas. Mas seu poder de mediação é limitado com ambos os interlocutores: o Hamas tem laços com a principal força de oposição ao governo egípcio, a Irmandade Muçulmana; e Israel acha que o Cairo não faz o suficiente para impedir a entrada de armas em Gaza.
Depois de dez dias de ataques que atravessaram as festas de fim de ano e despertaram poucas iniciativas da comunidade internacional, os esforços de mediação europeus e egícpios ainda devem demorar a produzir resultados. Embora o Hamas esteja na lista de grupos terroristas da UE, a missão europeia reiterou ontem o apelo a Israel para que suspenda imediatamente os ataques a Gaza.
"Apresentamos à ministra das Relações Exteriores de Israel a visão da União Europeia de que um cessar-fogo deve ser estabelecido o mais brevemente possível", disse o chanceler tcheco, Karel Schwarzenberg, chefe da delegação.
Schwarzenberg, cujo país ocupa a presidência rotativa do bloco europeu, manifestou divergência em relação à posição israelense. "Não compartilhamos da visão de que um cessar-fogo só é possível se todos os objetivos de Israel forem alcançados. Insistimos em que o cessar-fogo deve ocorrer o mais rápido possível", disse.
Mas os apelos europeus tiveram pouco efeito em Jerusalém. Depois de receber a missão da UE, a chanceler israelense, Tzipi Livni, descartou negociações com o Hamas e disse que o objetivo da ofensiva israelense é "mudar a equação" na região, reiterando que Israel não irá mais tolerar ataques de foguetes do Hamas.
"Agimos para mudar uma situação em que o Hamas atinge Israel quando bem entende, e Israel se contém", disse Livni. "Essa não será mais a equação nesta região. Quando Israel for atacado, Israel irá retaliar."
Livni, que é uma das principais candidatas a chefiar o próximo governo de Israel nas eleições do próximo mês, descartou negociar com o Hamas. "Nós negociamos com o governo palestino legítimo, não com o terror", disse a chanceler.
Líder do governo que Israel reconhece como legítimo, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, chega hoje a Nova York para consolidar uma proposta elaborada por países árabes para colocar fim à crise.
Segundo o ministro das Relações Exteriores palestino, Riad Malki, a resolução que será apresentada ao Conselho de Segurança da ONU busca o "fim da agressão israelense" em Gaza, a abertura de todas as passagens de fronteira, com a presença de observadores internacionais, e a autorização de uma força multinacional para a proteção de civis.

Não a observadores
Questionada sobre a possibilidade de observadores internacionais serem posicionados na fronteira, contudo, Tzipi Livni foi seca. "Não vejo como observadores em Gaza podem ajudar", disse a ministra.
A pressão diplomática europeia sobre Israel ganhou uma nova frente no início da noite quando o presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegou a Ramallah, vindo do Cairo, para manifestar apoio a Abbas e pedir o fim da ofensiva em Gaza. Em seguida ele seguiu para Jerusalém, onde se reuniu com o presidente Shimon Peres.
Embora o plano pós-guerra desejado por Israel não esteja claro, membros do governo têm dado a entender que a fórmula poderia ser semelhante à que deu fim à Guerra do Líbano, em 2006, com a presença de forças da ONU na fronteira e a comunidade internacional como fiadora de um acordo.
Além de pôr fim ao disparo de foguetes, a principal preocupação de Israel é barrar a entrada de armas pela fronteira com o Egito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Temos todos que pressionar a favor da PAZ! Já se sabe há muito tempo: a guerra não vai levar a lugar algum, tira a vida de pessoas amadas e o melhor caminho é conversar. A opinião pública tem que pressionar!