Na FOLHA DE S.PAULO:
O chanceler Celso Amorim apresentou ontem três sugestões à sua colega de Israel, Tzipi Livni: cessar-fogo imediato, envio de uma missão de observadores internacionais e a realização de uma conferência multilateral de paz que agregue países neutros, como o próprio Brasil se declara.
Segundo o Itamaraty, o telefonema entre os dois ocorreu por iniciativa de Livni, que tomou nota das colocações de Amorim. A conversa, porém, foi depois que ela havia recusado pedidos de cessar-fogo e de envio de observadores feitos pela União Europeia, alegando que o Hamas é "terrorista".
Amorim transmitiu ao governo de Israel, via Livni, a "preocupação" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o agravamento da crise. Também lamentou "a perda de vidas humanas" e o "uso desproporcional da força" -expressão que já escrevera em nota oficial.
O ministro, em Lisboa para uma palestra a embaixadores portugueses, ainda defendeu o "arejamento" das discussões e dos negociadores em conversa com o presidente Aníbal Cavaco Silva e em almoço com o chanceler Luís Amado e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Na avaliação brasileira, um dos motivos do impasse na negociação é o alinhamento automático dos EUA e da Alemanha, por exemplo, com Israel. Na opinião de Amorim, é preciso "furar esse bloqueio".
Na sequência de telefonemas para propor uma nova rodada da reunião de Annapolis (EUA), que discutiu o processo de paz entre israelenses e palestinos em 2007, Amorim ligou ontem também para os chanceleres da Suíça, Micheline Calmy-Rey, e da Espanha, Miguel Angel Moratinos, considerado um dos maiores especialistas europeus na questão.
Na semana passada, o ministro brasileiro já havia conversado com os chanceleres da França e do Egito, além do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, defendendo a retomada de Annapolis e a ampliação do núcleo de discussão da paz para encampar "países neutros", como classifica o Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário