No AMAZÔNIA:
A hora do desembarque no armazém 10 da Companhia de Docas do Pará (CDP) é um verdadeiro caos. Taxistas, familiares de passageiros e carregadores dividem o mesmo espaço em meio a muito empurra-empurra. Do lado de fora, a boulevard Castilho França fica interditada por causa do número de táxis e motoristas que disputam os passageiros na base da agressão e gritaria. Esse é um ponto final que combina perfeitamente com a precariedade dos serviços oferecidos durante a viagem. Às 10h15 de ontem, quando chegou uma embarcação de Manaus e outros municípios do Estado, era unânime a decepção dos passageiros.
O pedreiro Osiel de Oliveira, que veio de Juruti, no baixo Amazonas, pagou R$180 pelo bilhete. Apesar do alto valor da passagem, ele disse que os passageiros são tratados como bichos dentro das embarcações. Falta de higiene, comida cara e de péssima qualidade e muita demora deixaram o pedreiro revoltado. 'As condições de viagem são péssimas. Em alguns lugares que a embarcação parou, tivemos que esperar cerca de 8 horas para viajarmos novamente. Foi triste', informou Osiel de Oliveira.
A professora e historiadora Maria Izabel Birolli, de São Paulo, pagou R$800 para ela e o marido ficarem em uma das suítes da embarcação. Ela explicou que para quem quer fazer turismo, a viagem é um horror. Mas para quem estava em busca de aventura, como ela, a paisagem compensa. 'Esse é um transporte popular que cobra uma passagem que não condiz nem um pouco com o serviço prestado', ressaltou.
Maria Izabel contou que, além da falta de higiene, muita gente passou mal por causa da comida oferecida na embarcação. Ela acredita que tenha sido por causa de uma maionese que, de acordo com a historiadora, é uma refeição que nunca deveria ser servida nesse tipo de viagem. Maria Izabel disse ainda que ficou impressionada com o valor da passagem pago por uma senhora que veio deitada em uma rede de Manaus: R$400. Sem conforto algum, a mulher ainda teve que conviver com a sujeira do chão e dos banheiros da embarcação. 'Infelizmente, o transporte da Amazônia está nessa situação', disse.
Leandra e Eulina Monteiro, que vieram de Monte Alegre, contaram ainda que o chão da embarcação não foi varrido durante a viagem. Além disso, o banheiro, que deveria ter o mínimo de higiene, era completamente sujo e sem condições de uso.
Taxistas - O tumulto de taxistas em frente ao portão de desembarque é rotina no armazém 10 da CDP. Sem nenhum tipo de fiscalização, eles fazem o que querem. Puxam passageiros pelo braço, gritam e discutem muito entre si. No momento em que a reportagem esteve no porto, um deles até deu um tapa na cara de outro.
Mas a atitude não é aprovada por todos os motoristas de táxi. Antônio Cláudio da Silva contou que não existe um guarda da Companhia de Transportes de Belém (Ctbel) para controlar o trânsito em frente ao porto e muito menos alguém para conter os taxistas que não respeitam ninguém. 'Nós ficamos a mercê dessa balburdia', informou o taxista.
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