Na FOLHA DE S.PAULO:
O "New York Times" publicou ontem pela primeira vez em sua história um anúncio gráfico na primeira página, em um dos sinais mais evidentes dos efeitos da crise econômica na imprensa dos EUA. A faixa de anúncio, da rede CBS, foi posicionada no pé da página. O preço não foi revelado.
A novidade chega pouco após a revelação de que os lucros do grupo de mídia do "Times" caíram quase 22% em novembro em comparação com mesmo período de 2007. No terceiro trimestre, os dividendos de acionistas foram cortados em 74%. No mês passado, a empresa disse que negociava com credores pagamentos de dívidas para os próximos dois anos, enquanto o jornal continua a lutar contra a queda contínua em vendas e propaganda.
A empresa foi recentemente forçada a tomar US$ 225 milhões emprestados, oferecendo o prédio da sede em Manhattan como garantia, para cumprir compromissos que se encerram em maio. Também está avaliando bens para possível venda em tentativa de elevar a liquidez. "Não há dúvidas de que 2009 estará entre os anos mais desafiadores que enfrentaremos, e novos passos serão necessários [para evitar a falência]", disse Janet Robinson, executiva-chefe do "Times".
Esses passos, porém, podem não ser suficientes. Analistas do site 24/7 Wall Street, de notícias financeiras, incluíram a empresa que edita o "Times" em lista de dez que provavelmente não vão durar até o final de 2009 -ao menos não no formato atual. "O "Times" precisa pagar US$ 400 milhões no primeiro semestre e não tem dinheiro", diz o site. Também fazem parte da lista a montadora Chrysler, a megasseguradora AIG e as financeiras do setor imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac -todas recentemente receptoras de bilhões de dólares em ajuda federal.
O "Times" vende desde 2006 anúncios gráficos na capa de seções internas e também já ofereceu no passado raros e minúsculos classificados de texto na primeira página. A porta--voz do jornal disse que, para um anúncio gráfico como o de ontem, é cobrada uma taxa extra sobre o preço de propagandas em seções internas e que os anunciantes precisam comprar espaço em múltiplos dias para garantir o privilégio.
Na indústria da mídia, a crise não é exclusiva dos jornais: revistas conceituadas tiveram queda acentuada em propaganda em janeiro, com edições significativamente menores do que as do mesmo mês de 2008.
A "Allure", em janeiro de 2008, teve quase 70 páginas de anúncios; neste mês, 41. A "Vogue" americana teve resultado parecido, com queda de 44% nas páginas comerciais em comparação a um ano atrás. A "Wired" sofreu perda de 47%. No geral, segundo pesquisa da "Media Industry Newsletter", as revistas perderam 17% das páginas de anúncio neste mês ante janeiro de 2008.
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