domingo, 23 de novembro de 2008

A cada assalto com refém, dezenas de vidas sob risco

Belém é a cidade dos assaltos – com as devidas desculpas antecipadas, é claro, aos que acham que constatar realidades que tais é um desserviço à promoção do nosso sofrido setor de turismo.
Mas é.
Belém é a cidade dos assaltos com reféns. E muitos reféns são apanhados dentro de casa por bandidos.
Quase todo dia há assalto com refém.
Quase todos os dias, a polícia é chamada para negociar a rendição dos assaltantes.
E quase todos os dias, nos assaltos em que inocentes são feitos reféns, o que se vê, nas imediações da ocorrência, é o mesmo cenário de sempre: muita gente, muitos curiosos, inclusive crianças.
Aliás, não é que essa turma toda esteja bem nas imediações da ocorrência.
Esse pessoal – os curiosos que formam ajuntamentos para assistir às negociações – ficam a poucos metros do local onde assaltantes armados dominam suas vítimas.
Todos os curiosos ficam bem pertinho, às proximidades, à altura da trajetória de uma bala.
Ontem à noite, o Jornal Liberal 2ª Edição, da TV Liberal, mostrou mais uma cena dessas, na reportagem sobre o caso de um fiscal da Infraero apanhado por dois bandidos quando saía de casa para o trabalho.
Quem assistiu, se prestou bem atenção, viu bem um garoto encostado à parede, às proximidades da casa do fiscal.
A questão é: por que a polícia não afasta esse pessoal da área onde ocorrem esses eventos quase diários?
Mas afastar não é deixar os curiosos do outro lado da rua, na outra calçada, a alguns metros do local onde os bandidos mantêm os inocentes como reféns.
Afastar é afastar mesmo, é fechar a rua, é interditar o quarteirão, é não permitir que num raio de 200 metros – ou até mais – ninguém se aproxime.
Um assalto com reféns, como os que ocorrem em Belém, não põem em risco apenas duas ou três vidas. Põem em risco dezenas de vidas. Dezenas.
Entre as dezenas, estão as vidas dos bandidos, dos policiais que participam das negociações e dos curiosos – muitos, muitíssimos – que se reúnem bem pertinho do local do crime. E estão sob riscos, não esqueçam, as vidas dos jornalistas que estão ali, a trabalho.
A polícia de Belém, pela constância com que ocorrem assaltos com reféns na cidade, já deveria há muito ter desenvolvido um certo, digamos, know how para afastar populares para bem longe.
Mas não.
Cada vez mais, os curiosos ficam mais perto.
Expondo suas vidas a riscos.
Altíssimos riscos.

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