terça-feira, 9 de outubro de 2012

Meu querido, meu velho, meu amigo Eros Bemerguy


Caros amigos.
Ninguém deve, acho, comparar as dores que sentimos pela perda das pessoas que amamos com as dores que outros sentem por eventos - inevitáveis, como se sabe - da mesma natureza.
Porque as dores são de cada um.
São muito particulares, pessoais.
E cada qual as suporta, processa ou supera conforme circunstâncias e condições que nem sempre conseguimos, humanamente, controlar.
Mas é certo que as dores são, incomparavelmente, menos torturantes, menos lancinantes quando as sofremos sob o consolo, o carinho e a solidariedade de muitos, muitíssimos amigos.
Desde o falecimento de meu pai Eros Bemerguy, no dia 27 de setembro, tenho recebido, juntamente com minha irmã e demais familiares, dezenas, quase chegando à centena, de mensagens.
Pelo celular, por e-mail, em comentários postados neste blog (vejam aqui), pessoalmente, enfim, de várias formas têm nos chegado o consolo, o carinho e a solidariedade que nos confortam imensamente.
Da mesma forma como não tive, conforme disse, palavras para retratar fielmente quem foi Eros Bemerguy e o que ele representou para os que privaram mais intimamente de seu convívio, não tenho palavras para agradecer a tanta gente.
Gostaria apenas de destacar duas mensagens, dentre as dezenas, repito, que recebi.
Uma é a do obidense Rider Nogueira de Brito, ministro aposentado do Tribunal Superior do Trabalho.
A outra é do jornalista Carlos Mendes.
Uma, a de Rider, retrata o valor de uma grande, profunda e eterna amizade.
A outra, a de Mendes, expressa com exatidão o sentido da partida de quem parte feliz, como foi o caso de Eros Bemerguy.
Leiam.

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"ERA O MEU 'COMODORO' E MEU PROFESSOR DE PESCARIAS"

Soube, com grande tristeza da morte do Eros, meu amigo e parceiro de pescarias há mais de quatro décadas. Era o meu "comodoro" e foi o meu professor de pescarias, quem me introduziu na pesca com zagaia na embocadura do Rio Curuá-Una, lá nos idos de 1968, homem reto, confiável, trabalhador, amigo, respeitado na comunidade santarena por sua postura, por seu exemplo de cidadão, esposo e pai. Se costuma dizer que ninguém é rei na sua terra, mas o Eros o foi, de enorme respeitabilidade, de muitos admiradores, o homem em que se podia confiar em qualquer circunstância, foi enfim para todos nós e para a comunidade mocoronga um exemplo.
Faleceu em circunstâncias que considero própria daqueles que têm merecimento com Deus: morreu sem sofrer, rápido e  fazendo o que mais gostava de fazer em termos entretenimento - pescando, rodeado de amigos. Seu desaparecimento deixa órfãos não apenas seus filhos queridos - os caros amigos, mas todos nós seus amigos que sempre o admiramos.
Que Deus os console e abençoe neste momento tão triste e doloroso, que o é também para todos nós. Um abraço sentido e amigo do Rider de Brito.

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EROS BEMERGUY, O BOM PESCADOR

Amigo Paulo Bemerguy

Já te disse por telefone, mas agora escrevo aqui no Espaço: força para superar esse momento. A frase é banal, um chavão. Não sei o que dizer, em situações como esta, para demonstrar minha solidariedade ao amigo que tanto admiro.
Não tenho outras palavras para manifestar minha tristeza, por saber que estás triste. Depois de ler o que escreveste, porÉm, fiquei menos triste ao saber que teu pai subiu para outro plano fazendo o que mais gostava: pescar.
Ah, quem dera que todos fizessem uma boa pescaria no oceano de iniquidades em que nos equilibramos cotidianamente para sobreviver.
Há os que pescam ódio e colhem ódio.
Há os que pescam arrogância e só colhem arrogância.
Há os que pescam poder e, muitas vezes, se afogam no poder.
Mas há os que pescam o bem e distribuem o bem, ajudando a quem necessita.
Há os que pescam amor e só dividem amor.
Há também os que amam o rio e são felizes para sempre, até no último adeus.
Como Eros Bemerguy, que partiu feliz, sem mágoas, ou sofrimento.
Que Deus acolha em sua nau celestial esse bravo e feliz pescador.

Carlos Mendes

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Eros Bemerguy foi homem de hábitos simples.
Muito simples.
Várias vezes, mais falando a sério do que em tom de brincadeira, disse a vários de seus familiares - a mim, inclusive - que só queria uma coisa quando nos deixasse: que no seu sepultamento fosse tocada a música de Roberto Carlos "Meu querido, meu velho e amigo", que ele adorava e, muito provavelmente, o enternecia e o convidava para se lembrar de seu pai, o meu avô - saudoso e eternamente querido - Vidal Bemerguy.
Sua vontade foi satisfeita, tanto na saída do corpo do velório para o cemitério de Nossa Senhora dos Mártires como na Missa de Sétimo Dia celebrada, em Santarém, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
Por isso, permitam-me prestar esta homenagem a Eros Bemerguy aqui no blog, disponibilizando o vídeo lá em cima e a letra, abaixo.

Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo


Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto na vida,
Meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...
Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo

2 comentários:

Rê! disse...

Oi tio!

Ainda nem tinha falado contigo. Meus sentimentos. Espero que as lembranças boas te confortem um pouco e que elas permaneçam para sempre.

Fique bem!!

Beijos!
Renata

Poster disse...

Renata, minha querida.
Muito obrigado.
Você ajuda a me confortar.
Beijo no seu coração.
Abs.