terça-feira, 9 de junho de 2009

Guerra vinha para falar só com Almir. Mas falou com todos.

A vinda a Belém, na semana passada, do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), tem alguns detalhes que precisam ser, digamos, devidamente esclarecidos.
Guerra estava posto em paz, em sossego, até que o senador Mário Couto, que disputa com Simão Jatene o direito de ser ungido pré-candidato dos tucanos do Pará ao governo, em 2010, sugeriu que ele tivesse um encontro reservado com o ex-governador Almir Gabriel.
O argumento básico para o encontro foi o de que Guerra precisava ouvir aquele que, muito embora aposentado da política – conforme ficou explícito com seu gesto de ir embora de Belém, no início do ano passado -, é uma liderança histórica do PSDB, que exerceu vários cargos públicos da maior relevância, chegou até mesmo a ser candidato a vice-presidente da República na chapa do falecido Mário Covas e possuiria, por tudo isso, credenciais para ser considerado no processo de tomada de decisão da legenda no Pará.
Guerra concordou com os argumentos e chegou a ensaiar até uma viagem a Bertioga, a Ilha de Elba do ex-governador Almir Gabriel, que ali passou a cultivar suas orquídeas. Ocorre que a intenção de Guerra de visitar Almir coincidiu com a vinda do ex-governador a Belém, há cerca de duas semanas.
Nesse ínterim, Guerra teve que reorientar sua bússola para viajar a Belém e, além disso, achou prudente ouvir não apenas Almir Gabriel e Mário Couto, mas fazer uma consulta mais ampla, que incluiu os deputados estaduais – integrantes de uma bancada toda ela favorável à candidatura jatenista – e o próprio ex-governador Simão Jatene.
Essa consulta ampla acabou deixando o jogo, no mínimo, empatado nos bastidores do PSDB.
Isso porque Sérgio Guerra, se realmente ouvisse apenas Almir, como era a intenção original, ouviria uma torrente de argumentos favoráveis à candidatura de Mário Couto e uma torrente ainda maior contra a candidatura de Jatene.
Como, ao contrário, preferiu ouvir o outro lado, Guerra também ouviu uma pororoca de argumentos a favor de Jatene e contra Mário Couto.
E depois de tudo o que ouviu é que Sérgio Guerra anunciou que uma pesquisa qualitativa deverá ajudar os tucanos a escolherem um nome – ou Jatene ou Mário Couto.
A pesquisa enfrenta restrições de Mário Couto.
No mínimo, enfrenta restrições.

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