Do jornalista e articulista do blog Francisco Sidou – ainda em doces férias -, sobre a postagem Salinas do barulho:
Salinas fervilhou literalmente, caro post. Tive a ingenuidade de tirar uma semana de recesso, justo na virada do ano. Onde? Em Salinas... Caminhar, andar de bicicleta, atualizar a leitura, desestressar - eram algumas das minhas esperanças, que viraram amargas ilusões perdidas. Com a superlotação de gente e de carros, todas as mazelas de Belém se transportaram pra lá. Os sons na mala das caminhonetes de alguns malas sem alça simplesmente me perseguiram onde quer que eu fosse.
Tentei me refugiar no lar, doce lar que já foi um dia um oásis de tranquilidade (sem trema), suave brisa e água fresca. Oh, doce ilusão. Minha casa (modesta) fica a alguns metros de um caixote de cimento e vidro que apelidaram de Shopping de Verão, transformado em verdadeiro caldeirão do diabo – aliás, do tecnobrega - durante três noites (quinta, sexta e sábado).
Cada noite, uma poderosa instituição do barulho detonava toneladas de som, em volume de decibéis infinitamente maiores do que podem suportar ouvidos humanos ainda normais. Três noites indormidas, olheiras e sono atrasado no dia seguintes não davam qualquer estímulo para ir à praia, sitiada por alguns milhares de automóveis e caminhonetes com som na mala.
A piada do início de ano ficou por conta de uma pergunta (aliás, duas) de minha doce esposa, Anita, meio perplexa com o barulho ensurdecedor que desabou sobre nossa casa, que tremia nos alicerces: "Filho, por acaso não existe uma lei que proíbe o barulho após as 22h, em zonas residenciais? E o pessoal do Disque-silêncio não pode ser acionado?”
Abracei-a e a consolei com o silêncio solidário no desencanto. E então concordamos em antecipar nosso regresso a Belém.
2 comentários:
Gente civilizada é a exceção em Belém. A regra é a gentalha.
Gentalha mesmo! Acabaram com Salinas.
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