No AMAZÔNIA:Por que participar do Fórum Social Mundial? A pergunta pode ser óbvia para os inscritos que virão de outros países, até porque boa parte deles já participaram das últimas edições do evento. Mas, para o morador de Belém, qual é a motivação de sair de casa para aderir à movimentação?
Com base na experiência das últimas edições do Fórum, Cândido Grzybowski, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e um dos integrantes do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial, muitos dos participantes locais do evento em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde a maior parte dos fóruns foi realizada, iam às reuniões apenas por curiosidade.
No caso deste ano, a escolha de Belém, uma cidade amazônica, tem como objetivo dar oportunidade de participação aos moradores locais, sejam favelados, quilombolas ou indígenas, grupos que jamais tiveram grande representatividade no evento. 'O Fórum em Mumbai (Índia) também teve este propósito. Hoje, as pessoas de lá estão bem mais engajadas', compara Cândido. Uma das vantagens destacadas para a integração de populações amazônicas no Fórum é que, no Brasil, não há uma diversidade de dialetos tão grande como há na Índia, o que dificultou a interação por lá. A edição de 2007, no Quênia, teve 81% de participantes com nível superior, a maior de todas. A diferença deste ano é que o evento será mais popular, com presença de indígenas e quilombolas, o que muda o perfil dos últimos anos.
Mas, o que ganha o paraense, ao participar do Fórum Mundial Social em Belém? 'É uma forma de se sentir cidadão do mundo. Essa energia é o principal. A gente passa a se ver como parte de uma mesma humanidade e em prol de uma mesma causa. Assim, as pessoas se fortalecem, se estimulam e entendem o caráter mundial da causa', explica. Embora subjetivo, o ganho é inestimável, na avaliação de Cândido.
Sua visão, como componente da organização do evento, é flexível em relação aos participantes. Cândido não é carrancudo ao ponto de esperar apenas pessoas ultrapolitizadas nos debates. 'Em Porto Alegre, o Fórum se tornou um programa de fim de semana', conta. 'Para quem quiser, estará sempre aberto o canal para debate'.
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