No dia 30 dezembro passado, à noite, os que estavam na orla do Maçarico, em Salinas, foram submetidos à provação do som na estratosfera, emitido pelos alto-falantes de carros de jovens rapazes e moças que estavam na área, todos animadíssimos. Selvagemente animadíssimos.
Os que foram submetidos a essa provação são os mesmos que poucas horas antes, na praia do Atalaia, estavam ao ponto de entupir os ouvidos de algodões, para livrarem-se da mesma irracionalidade.
Na orla do Maçarico, foi preciso até chamar a polícia.
O barulho, vejam, era tão insuportável que se transformou em caso de polícia.
Chamada, a polícia chegou à orla e fez uma abordagem nos mal educados, para pedir-lhes moderação.
Eles baixaram o som para um nível, digamos, tolerável.
Mas se o mesmo ocorresse na periferia de Salinas, nos botecos onde gente pobre se reúne para se divertir, a polícia faria o mesmo?
A polícia chegaria a esses locais e apenas pediria para que os frequentadores baixassem o som?
Ou chegaria lá e, como sempre tem feito, multaria o dono do boteco, aprenderia o som etc. e tal?
A selvageria é a mesma: a barulheira no carro importado de jovens “bem nascidos de nossa sociedade” e no boteco pobre da periferia.
O que muda é a forma de “abordagem”, é a forma como essa transgressão é reprimida.
É isso, a abordagem, que mostra exatamente a diferença entre a transgressão cometida por quem está no carro importado e por quem está no boteco.
Um comentário:
Experimente ficar ao lado de uma carro com esse tipo de som.
Só com muita erva, exctase ou cocaína é possível.
São todos uns maconheiros, cocaleiros e tudo de iros que possamos encontrar.
Faltou também a qualidade de ignorante.
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