quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cidade-alvo do Hamas vive sob tensão

Na FOLHA DE S.PAULO:

A delegacia de polícia de Sderot, cidade israelense a pouco mais de um quilômetro da faixa de Gaza, mantém um macabro museu logo na sua entrada. São centenas de foguetes de variados alcances disparados por extremistas palestinos do outro lado da fronteira. Segundo o porta-voz da polícia israelense, Micky Rosenfeld, eles formam apenas uma fração dos mais de 7.000 que atingiram essa cidade desde 2001, aterrorizando seus quase 20 mil habitantes.
A maioria dos projéteis é do tipo Qassam, um foguete rudimentar de pouco mais de um metro de comprimento que em sete anos deixou oito mortos, centenas de feridos e milhares em permanente estado de alerta. Esses foguetes são o motivo da devastadora reação israelense contra os fundamentalistas que controlam Gaza.
"A comparação entre o número de mortos em Gaza e em Israel não faz sentido", diz Rosenfeld, reagindo à crítica de que a reação israelense é desproporcional. "Esses foguetes têm o objetivo de matar civis, enquanto a ofensiva de Israel se preocupa em atingir somente os terroristas do Hamas".
Como se fora uma manobra orquestrada para ilustrar os argumentos do policial, no meio da explicação de Rosenfeld a um grupo de jornalistas estrangeiros o alarme é acionado, e todos são obrigados a correr para o abrigo antiaéreo da polícia. Em Sderot, que está no raio mais estreito dos ataques, é preciso ser rápido: entre o alarme e o impacto do foguete, o tempo é de 15 segundos.
Se o número de mortos não se compara ao de Gaza, o impacto psicológico não pode ser desprezado, diz a assistente social Judith Bar-hor, que coordena a ajuda às vítimas do que chama de SPT, Síndrome Pós-Trauma. "São crianças e adultos que perdem a capacidade de concentração, que desenvolvem distúrbios alimentares e até problemas cardíacos", diz.
Messuda Dayan, 76, entrou para a estatística do SPT há dois dias, quando um Qasam invadiu a sala de sua casa em Sderot. "Por milagre ela decidiu dormir num outro quarto nesse dia", diz a filha Flora, enquanto mostra a parede destruída. "Desde o ataque ela mal consegue falar, e a cada alarme começa a tremer."
Ao observar a conversa de Flora com a Folha, a vizinha da casa ao lado começa a gritar. "Estão vendo? Quero ver alguém dizer que essa guerra não é justa!", diz Bruria Waizman, 55, que conta ter sido lançada a dois metros da cama em que dormia pelo impacto do foguete na casa da vizinha.
Para ela, depois de sete anos de ataques constantes, que arruinaram a economia da cidade e afugentaram um quinto de sua população, Israel não tinha alternativa. "Só espero que o Exército vá até o fim. Desta vez, qualquer trégua que não acabe com o Hamas será uma humilhação para Israel."

Um comentário:

Anônimo disse...

A matéria obviamente não conta que a cidade foi construída em território confiscado aos palestinos pelos israelenses. Os entrevistados afirmam, candidamente, que os ataques maciços de Israel não conseguem fazer nenhuma seleção entre militantes do Hamas e os civis confinados no campo de concentração que Israel montou em Gaza, nem comentam o humanitário ataque de Israel a escolas mantidas no campo de concentração dos nazistas israelenses pela ONU.
A matéria justifica o Holocausto praticado por Israel contra os palestinos pela ação de um pequeno grupo mal-armado (ironicamente com armas fabricadas em Israel)contra as colônias criminosamente implantadas por Israel em território palestino). Enfim, Hitler deixou seus mais empenhados seguidores...em Israel!