Peemedebista que – também ele – ainda busca explicações para a derrota do ex-deputado José Priante (PMDB) nas eleições de outubro, para prefeito de Belém, diz que não consegue entender por que tanta polêmica em torno da divisão de partidos no apoio ao ex-candidato.
A avaliação do peemedebista é feita a propósito de evidências várias, contra as quais ele não se opõe, porque também concorda que ninguém, em sã consciência, deve brigar com os fatos.
E fatos são fatos, acrescenta o peemedebista.
Por exemplo: a recusa de segmentos do PMDB mais ligados à deputada Elcione Barbalho – inclusive a própria, evidentemente – em apoiar Priante.
Outro exemplo: a torcida – no mínimo, a torcida – do pessoal da Democracia Socialista, uma das mais expressivas tendências encrustadas no PT, para que o vencedor fosse o candidato à reeleição, Duciomar Costa (PTB). Recordem-se todos, sobre este aspecto particularíssimo, que na entrevista concedida ao blog o próprio Priante reconheceu que a mobilização de petistas em favor de sua candidatura ficou aquém, muito aquém do esperado. E essa avaliação, ressaltou o ex-deputado, foi feita mais pelas lideranças do PT do que pelo próprio PMDB.
O exemplo do PSDB
Diante de exemplos evidentes como esses, o peemedebista em busca de explicações lembra que o PSDB, por exemplo, também foi dividido para a campanha de Duciomar Costa. E ressalta que nem todos engajaram-se na campanha da ex-candidata Valéria Pires Franco (DEM), que disputou o pleito com o apoio dos tucanos.
- Engana-se quem pensa que o PSDB inteiro e em peso apoiou Valéria. Os próprios tucanos passsaram semanas e semanas discutindo a quem apoiar, se Valéria e Duciomar, e foi evidente que havia correntes amplamente favoráveis a uma aliança com Duciomar. E durante a campanha, no primeiro turno, muitos não se empenharam como deveriam. E quando veio o segundo, na hora de se decidirem por Duciomar, nem todos aderiram. Nem todos. Muitos ficaram com o Priante – avalia o peemedebista.
Ele considera, diante dessas evidências, que Priante, inegavelmente, “ganhou na derrota”, ou seja, mesmo perdendo para Duciomar por uma diferença de 140.696 votos, o ex-candidato do PMDB chegou ao segundo turno, contrariando previsões iniciais de que ficaria lá por baixo e empacaria logo no primeiro turno.
- Priante é um vitorioso – encerra o peemedebista.
3 comentários:
É, dentro do ideal olímpico de que "o importante é competir", ele "ganhou" de novo.
Luluquefala:
Parece até que esse peemedebista descobriu a roda, quando faz a sua análise de que a Valéria não teve o apoio do PSDB.
Até na China, os chineses estão cansados de saber...
Eleições 2010: está dada a largada
Resultados do 2º turno em Belém sinalizam o quadro das próximas eleições
Terminado o 2° turno das eleições municipais em Belém, começam os preparativos para as próximas eleições. Recompostas as forças políticas, contabilizados ganhos e prejuízos (materiais e políticos) e digeridos os traumas, as cúpulas das organizações partidárias começam a traçar seus rumos para a sucessão estadual.
Novas alianças, recomposição das antigas, potenciais candidatos a uma cadeira no parlamento ou mesmo ao tão cobiçado executivo estadual, hipóteses que se desenham por sobre as mesas das direções políticas. Contudo, uma análise isenta de paixões, que vá além do discurso panfletário e sectário, ajuda a construir cenários mais reais e aumentam as chances de sucesso do eventuais contendores.
Um fato pode ser tomado como certo neste período pós-eleitoral, e foi fruto de artigo publicado há três semanas. Os blocos de forças políticas no Pará tiveram suas forças brutalmente modificadas após estas eleições. PSDB-DEM, anteriormente uma grande força, capaz de vencer três eleições estaduais consecutivas, constituir sólida maioria no parlamento estadual e nas prefeituras, hoje não assusta mais ninguém, e fica cada vez mais dependente de composições com partidos menores, cujos interesses nestes momentos assumem proporções bem superiores à sua força potencial.
Nesta direção, fica claro que a acomodação dos interesses de seus caciques ficará comprometida. As divergências internas, latentes desde a composição da chapa com Valéria Pires Franco à frente e Paulo Chaves como vice, manifestaram-se durante a campanha e ficaram gravemente expostas com o apoio entusiasmadíssimo dos tucanos ao recandidato Duciomar no segundo turno das eleições. A despeito da indisposição do DEM no apoio ao petebista, Jatene e sua turma capitalizaram politicamente o fracasso da tática almirista. Com isso, enfraqueceram-se as chances da chapa do tucanato ser encabeçada pelo senador Mário Couto, e voltam as possibilidades de Jatene novamente pleitear o governo estadual.
PSDB e Duciomar: amor duradouro?
Para ser novamente candidato, uma composição com Duciomar seria extremamente vantajosa a Jatene. Assim, mataria vários coelhos com uma cajadada apenas. Reforçaria sua aliança com Duciomar e aliados, manteria seus cargos na administração municipal (fundamentais para sua força interna ao partido), afastaria de vez a sombra de seus ex-mentor e atual adversário Almir Gabriel e colocaria o casal Vic e Valéria em seu devido lugar.
Para consolidar sua chapa dos sonhos (Jatene governador, Duciomar e Flexa senadores), Jatene depende da fidelidade de Duciomar. Este, como sabe-se, tem uma forte disposição de retornar ao senado federal, afastando-se assim da enfadonha responsabilidade de gestor público e as infinitas responsabilidades que o cargo impõe. Responsabilidades estas que, caso tratadas sem o devido cuidado, podem inviabilizar a carreira de um político por bastante tempo, e que por muito pouco não o levaram a derrota.
Duciomar, ao compor suas alianças ao pleito deste ano, o fez pensando em 2010. Para isso, conta com o apoio irrestrito do PR de Anivaldo Vale, que abandona a Câmara Federal certo de assumir a prefeitura da capital. Porém, o que ainda não se sabe é o cargo a que Duciomar pleiteia. Dudu se contentará com a vaga ao senado, ou enfrentará Jatene, quebrando os acordos firmados e lançando-se na disputa ao governo?
A resposta a esta e outras perguntas ainda não estão definidas. Sabe-se que Duciomar não é muito chegado a respeitar acordos. Dependerá das movimentações das forças políticas na composição da câmara de Belém, da disputa pela mesa diretora da ALEPA e do sucesso do governo de Ana Júlia.
PMDB e PT: como fica a aliança?
Maiores vitoriosos nas urnas nas eleições municipais, PT e PMDB, parceiros no governo de Ana Júlia, repetiram as dobradinha no segundo turno na capital, desta vez sob a liderança do candidato peemedebista José Priante, que contou ainda com o apoio de Arnaldo Jordy, do PPS. Apesar das reiteradas manifestações públicas dos candidatos, o esforço não foi suficiente para superar o candidato a re-eleição.
Muitos fatores somaram-se para a derrota. Entre eles a desastrada estratégia eleitoral do candidato, que deixou para os momentos finais da campanha os ataques mais duros ao atual prefeito, capazes de desmontar a imagem de homem do povo, construída pelo marketing de Duciomar de determinante para a sua vitória.
Outro fator que pesou para a derrota de Priante foi o fator reeleição. A grande maioria dos recandidatos obteve êxito pelo uso da máquina, que foi fartamente utilizada pelo candidato da capital em estratégia adequada e fortemente batida em sua campanha.
A derrota aparentemente ameaça colocar em xeque a aliança. No chororô típico de final de campanha, interlocutores protegidos pelo off acusam-se mutuamente de traições de compromissos não cumpridos. Outros afirmam que o posicionamento eqüidistante da governadora favoreceu ao candidato do PTB. Terceiros dizem ainda que houve um apoio “subterrâneo” a este.
Mas existem elementos a ser considerados. Em primeiro lugar, a famosa “militância vermelha” há tempos não possui mais a mesma consistência que apresentava nos anos 80/90. Hoje, cooptada pela estrutura partidária, esta militância depende de “formiguinhas” contratadas para engrossar suas campanhas, que não dispõem do mesmo vigor em arregimentar votos. Além disso, a sólida base eleitoral do PT, apesar de reconhecer como importante a composição com outros partidos, ainda é bastante refratária a apoiar candidatos externos.
Os que apostam no fim da composição PT e PMDB devem ser mais cautelosos em suas análises. Primeiramente porque a governadora Ana Júlia vem capitalizando gradualmente os acertos de seu governo, contando hoje com uma avaliação positiva na região metropolitana em crescimento que supera a casa dos 30%, crescimento que se repete nas demais regiões com mais vigor.
Em segundo lugar, porque os planos do morubixaba mor do PMDB paraense são o seu retorno ao senado federal e a pavimentação do caminho para seu filho rumo ao planalto dos despachos. Jader sabe que o tempo deve ser encarado com um aliado, e tem dados sucessivas provas desta sua capacidade ao longo de sua história, como demonstra sua reabilitação, depois de passar por péssimos momentos, especialmente após sua renúncia ao senado para evitar a cassação.
Em terceiro, porque a reeleição de Ana Júlia depende em grande parte de sua capacidade de botar sua administração nos trilhos, consolidando sua imagem de liderança preocupada com o povo e capaz de implementar um novo modelo de desenvolvimento para o estado. Estas ações, que demandam tempo, estão em pleno curso e serão determinantes para a definição do cenário político em 2010.
Em quarto lugar está a evidente percepção de que uma chapa encabeçada por Ana Júlia, com Paulo Rocha e Jader Barbalho disputando as duas vagas ao senado, com apoio de um presidente com enormes índices de aprovação e fortes chances de fazer seu sucessor, tem grandes possibilidades de derrotar quaisquer postulantes aos cargos majoritários, além de formar uma grande bancada de deputados estaduais e federais. Os posicionamentos públicos que afirmam o possível rompimento desta aliança, portanto, têm somente o objetivo de buscar uma repactuação mais benéfica a todos.
Assim, o cenário eleitoral de 2010 vai se desenhando. Apesar da vontade de alguns, dificilmente teremos grandes mudanças na correlação de forças. Estas, ficam na espera de 2014. Após a Copa do Mundo, é claro.
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