domingo, 24 de fevereiro de 2008

Tuchinha, da Mangueira, é preso em Sergipe

Em O ESTADO DE S.PAULO:

Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, chefe do tráfico no Morro da Mangueira, foi preso ontem de manhã, em Aracaju (SE), por policiais da Divisão Anti-Seqüestro da Polícia Civil fluminense e por agentes federais de Sergipe. Ele saiu do Rio em 8 de fevereiro e passou por São Paulo e Bahia. O traficante tentava expandir seus domínios para o Nordeste, crê o delegado Fernando Moraes.
“A Secretaria de Segurança está analisando informações de que, com o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento, que prevê intervenções no Complexo do Alemão, reduto do Comando Vermelho), o tráfico esteja estendendo seus domínios para outros Estados. A Polícia Federal de Sergipe já estava investigando a implantação do tráfico na região. Eles querem levar o know-how adquirido no Rio”, afirmou Moraes à Rádio CBN.
Tuchinha foi preso por volta das 6 horas. Estava numa chácara em Arauana, que havia alugado há dois meses, acompanhado da mulher, Ana Paula Pereira de Carvalho, a Gracinha, e da filha. Ele não reagiu. Chegou ao Rio em vôo comercial às 17h30 de ontem. Após prestar depoimento na PF, passou por exame de corpo de delito no IML e seguiu para o presídio de Bangu 1.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que, com base na prisão de Tuchinha, vai poder elucidar outros crimes. Segundo ele, essa foi uma ação conjunta da PF do Rio, de São Paulo e de Aracaju. Os policiais monitoraram a mulher de Tuchinha, que no meio da semana passada tinha viajado do Rio para São Paulo e, ontem, para Aracaju.
Segundo Beltrame, a investigação para descobrir o paradeiro do traficante começou simultaneamente à expedição do mandato de prisão, em dezembro. Ele pode ser condenado a 20 anos de prisão por tráfico.
Escutas telefônicas feitas em outubro de 2007 revelaram que o traficante, em liberdade condicional desde julho de 2006, havia retomado o controle do tráfico de drogas no Morro da Mangueira. Segundo a polícia, Tuchinha também tinha influência sobre a escola de samba - teria acesso por uma passagem secreta à quadra da agremiação e freqüentava o camarote de luxo da bateria. O traficante foi um dos autores do samba-enredo da escola, sob o pseudônimo de Francisco do Pagode. O samba-enredo foi considerado o segundo pior, perdendo apenas para o da Vila Isabel. A Mangueira ficou em 10º, pior colocação em 14 anos.
“Sem dúvida, ele extrapolou sua atuação como traficante. Ele humilhou a Mangueira, aviltou o carnaval carioca. É uma comunidade muito querida, tão sofrida, e que não merece”, disse o delegado Moraes.


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