sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Na FOLHA DE S.PAULO:

A versão de que espiões a serviço de concorrentes da Petrobras e até de governos estrangeiros tinham furtado dados sigilosos da Petrobras ruiu ontem com a prisão de quatro vigilantes de um terminal de contêineres no porto do Rio e a recuperação de parte dos equipamentos nas casas dos acusados.
"Está totalmente descartada a hipótese de ter sido um crime de espionagem industrial ou de pirataria", disse ontem o superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, que, em entrevista há sete dias, anunciara que não havia a possibilidade de ter ocorrido um crime comum.
Os acusados são seguranças da empresa Bric Log, que atua para a Poliporto, na zona portuária. Segundo a PF, um disco rígido foi destruído, e um pen drive, vendido a um receptador. O restante do material furtado, entre eles quatro notebooks, foi recuperado pela PF.
Na sexta passada, Caetano havia afirmado: "Num caso de roubo comum, leva-se o computador inteiro, e não o HD [disco rígido]. Quem procura o HD procura as informações nele contidas, o que nos leva a descartar a hipótese de roubo comum. Essa forma [de ação] nos leva a crer que realmente havia o interesse específico em determinado equipamento".
Ontem, questionado sobre a afirmação de sexta, ele afirmou que não havia descartado totalmente crime comum. Acrescentou que as investigações prosseguem, já que há a suspeita do envolvimento de outras pessoas, como receptadores.
Os vigilantes presos são Alexandro de Araújo Maia, Éder Rodrigues da Costa, Michel Mello da Costa e Cristiano da Silva Tavares. Até a conclusão desta edição, ainda não tinham advogados constituídos.
Os equipamentos furtados, incluindo os computadores, foram encontrados por policiais federais nas casas do acusados, em Parada de Lucas (zona norte), Campo Grande (zona oeste) e nos municípios de Nilópolis e São Gonçalo.
Segundo o superintendente, a quadrilha vinha fazendo pequenos furtos desde setembro. Ele disse que os furtos não eram percebidos pela Petrobras porque a quadrilha retirava, inicialmente, apenas pequenas peças dos computadores.
"Quando eles passaram a furtar peças maiores, como laptops e monitores, começaram a ser notados", afirmou Caetano.
Inicialmente, sem esperar o resultado das investigações, a PF e autoridades do governo divulgaram que o crime seria espionagem industrial. Os autores teriam interesse em dados estratégicos e sigilosos da exploração na bacia de Santos, especialmente do campo de Júpiter, megareserva de gás descoberta recentemente.
Os investigadores da PF, a despeito das declarações dos superiores, sempre acreditaram em furto comum. Achavam que criminosos especializados em espionagem industrial agiriam de outra forma, procurariam não deixar vestígios, obteriam as informações sem arrombar cadeados, destruir lacres ou mexer em tudo o que havia no contêiner.
Segundo a PF, um dos acusados chegou a destruir parte do material furtado quando soube que havia investigações policiais. "Eles não tinham a menor idéia do que havia dentro dos computadores", disse Caetano.

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