Até mesmo petistas – dos mais empedernidos – ficaram tiriricas quando leram no blog, ontem, a afirmação da presidente do PSOL, a ex-deputada Araceli Lemos, de que não passou de um factóide a decisão da governadora Ana Júlia de mandar suspender a multa imposta ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp).Mas depois que vários petistas foram reconstituir os detalhes de uma reunião, da qual Ana Júlia foi a personagem principal, eles próprios acabaram concluindo que Araceli tem razão. Ou pelo menos tem razão em parte.
Os professores que compareceram ao Palácio dos Despachos eram representantes da Chapa 2, que disputou o Sintepp.
Lá estavam professores como Cosmo Cabral – que aparece em primeiro plano na foto aí em cima, extraída do site da Agência Pará -, Donizetti Cormino, Fábio Pessoa, Mauro, Alanna Santos, Rai Souza e outros militantes do PT.
Eles compunham a Chapa 02 ou a apoiaram.
A reunião foi articulada por Sua Excelência Cláudio Puty, para reforçar o papel da Casa Civil num possível diálogo com o movimento dos professores, diante do evidente desgaste do governo e da própria secretária de Educação Iracy Gallo, a Bila, na corda bamba depois que foi incluída entre os que tiveram seus bens bloqueados no escândalo dos kits escolares.
A reunião, segundo petistas que enxergam além das aparências, foi uma forma de mandar um recado também para a professora Edilza Fontes – recentemente sacada da diretoria-geral da Escola de Governo - e outros candidatos rebeldes da Democracia Socialista (DS), que possui bases sociais.
Prova disso é que o principal operador da mencionada reunião foi o principal assessor de Edilza, chamado Jax Nildo, conhecido como Birá. O grande público não o conhece. Mas petistas bem enturmadas com os corredores do poder do governo Ana Júlia o conhecem bem.
Birá sempre desponta no bastidor do bastidor. É proveniente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), tem vinculação com o movimento agrário, foi do MST até pouco tempo e hoje é um dos maiores operadores da Casa Civil.
Até pouco tempo, também era assessor direto de Edilza Fontes no PTP (Planejamento Territorial Participativo) e coordenava informalmente a possível candidatura da professora a deputada federal.
Mas no início deste ano foi cooptado por Puty para trabalhar pela candidatura do chefe da Casa Civil. Atribui-se a Birá grande responsabilidade pelo desgaste da Edilza. Atualmente, ele tem sido um dos grandes responsáveis pelos expurgos feitos no governo em relação aos militantes petistas próximos à ex-diretora da Escola de Governo.
Birá foi assessor direto do Carlos Guedes – aquele de quem Ana Júlia não quer nem ouvir falar - na Sepof e foi mantido no PTP por Edilza, que sempre o distinguiu com uma deferência toda especial, tanto que ele era o seu braço direito na Escola de Governo.
Mas agora bandeou-se para a turma de Puty.
Por tudo isso, não apenas a presidente do PSOL parece mesmo ter razão como o blog pode ter-se precipitado ao aplaudir a governadora por sua decisão de mandar suspender a multa imposta ao Sintepp.
Vivendo e aprendendo.
Aprendendo com petistas.
7 comentários:
PB não entendi nada . O que tem haver um senhor BIRÀ com a armação feita e desastrosamente revelada? O que parece é que a governadora não sabe o que é autonomia sindical, quando elege só os seus para diálogar. Foi planejado na casa civil esta bobagem e posta como versão oficial na propaganda do governo. A versão oficial foi muito mal armada , diria trabalho de amador. Só quero entender porque aparece o nome desta senhora EDILZA FONTES como vitima mais uma vez e ao mesmo tempo como alvo principal do chefe da casa civil e agora deste BIRÀ?
O articulador é ruim. Como é que se monta uma reunião com objetivo da governadora aparecer como grande aliada dos professores e esquecem de convidar o sindicato? Pior é a versão oficial posta que não aguenta um argumento da deputada, sempre será no meu coração, ARACELY? A governadora não deve saber mas já há um relatório desta reunião circulando onde ela aparece tecendo criticas ao DUDU e se fazendo de vitima. Estes extrategistas do governo só estão levando a governadora cada verz masis para o isolamento politico e para passar vexame cada vez mais publicos.
Bom dia, caro Paulo:
Quando li sua postagem anterior, fiquei na dúvida se realmente esse governo teria um único laivo ainda de respeito à sociedade nas suas diversas formas e organizações.
E não me envergonho da minha dúvida, porque sempre calibro minhas impressões com a autocrítica. Detesto esta turma arrogante e medíocre que está no poder, acreditando que chegaram ao paraíso ou que tomaram o Palácio de Inverno. E minha primeira impressão - que na intimidade chamo de experiência e clareza política - sempre é contra eles.
Mas, duvidei da sinceridade do gesto. E, ao ler o comentário da Araceli, retirei da prateleira dúvda a minha certeza. Li também os comentários sobre a postagem dela e todos têm DNA. DNA dessesista, o pior que o PT já produziu neste país. Ou seja, explicamos as sacanagens - não há uma palavra mais sutil no Aurélio que expresse o que eles cometem -es - pelos erros dos outros.
Mas, voltando ao que interessa. Lendo o comentário de hoje, me orgulho da minha dúvida inicial. Você merece que se tenha dúvidas de algumas "certezas". Porque não lhe falta decência e tranquilidade para repor fatos. Ler você é respeitá-lo cada vez mais. Por isso, obrigada.
Um abração.
Eu diria, sr. blogger que todos têm suas razões.
Mas, uma coisa você está correto, a governadora poderia sim usar a Justiça para impor uma derrota ao Sintepp, que a elegeu como principal inimiga, esquecendo até do Nefasto, que massacra o funcionalismo municipal. Intransigencia há de todas as partes.
Mas, pelo menos, a governadora foi sensata e coerente com seu passado, a forma que escolheu para anunciar isso e as disputas entre Edilza, Puty, Birá, não tiram o mérito da iniciativa. Como disse cada um tem suas razões.
Caro Paulo,
esqueci um comentário: essa turma ainda vai conseguir o que me parecia impossível. Que eu reveja a péssima impressão que tenho da Edilza Fontes. Do tempo em que, casada com Raul Meireles,nosso "vice", tive o desprazer de conhecer de perto o conceito de "aliança" dessa turma, nas discusões da candidatura do Dr. Almir a prefeito, em mil novecentos e nada.
Abração.
Caso PB,
Não deves te envergonhar dos elogios. Mal armado, claro que foi, mas de qualquer maneira o ato de desistir da execução é louvável. O problema é de tempo. Do tempo em que um partido e seus integrantes ditos de "esquerda" tomam o Poder. Uns se mostram, ou melhor, se revelam, nunca foram nem a sombra de um ser honesto; outros entram em crise diante do poder, dinheiro, facilicidades, e se rendem a essa nova forma de vida; uns esquecem o passado e acham, por exemplo, que implorar a coligação com Jader (como o Charles) a coisa mais natural do mundo. Talvez Birá, uma boa pessoa, tenha se entranhado pelo poder, um poder sem limites, e começa a fazer essas bobeiras infantis.
Ah, como são cansativos esses dilemas tolos e inúteis da esquerda!!!
Postar um comentário