No AMAZÔNIA:
Uma operação coordenada pela Delegacia de Repressão a Crimes Tecnológicos (DRCT), vinculada à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) da Polícia Civil do Estado, é responsável por desmontar a ação de uma das maiores quadrilhas de estelionato do Norte e Nordeste do País. Após três meses de investigação, foram presos, à madrugada da última segunda-feira, em Manaus (AM), Júlio César Rodrigues, Cláudio Vargas Santos e Washington Viana, acusados de aplicar golpes por meio de websites que anunciavam a venda de carros domésticos.
A quadrilha atuava em pelo menos sete Estados e, em cinco anos de atividade, já havia feito cerca de 100 vítimas. Além do trio, a polícia ainda prendeu em Belém dois acusados de envolvimento com o esquema criminoso: Sílvio Souza, residente no conjunto Maguari, e outro cuja identidade permanece preservada, já que trata-se de uma prisão provisória, para averiguação. Outros 18 mandados de prisão ainda serão cumpridos pela DRCT em parceria com polícias de outros Estados nas próximas semanas.
Sob o comando do mineiro Júlio César Rodrigues - cujo nome provavelmente é falso, segundo apurações da Polícia Civil -, a quadrilha tinha um procedimento complexo para confundir as vítimas de seus golpes. As supostas empresas, que até Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) possuem, trabalham por meio da internet utilizando dois websites (http://www.empresasfinavel.com.br e http://crisautos.com.br, este já fora de atividade) que oferecem a venda e financiamento de veículos domésticos a preços até 30% abaixo do valor normal de mercado.
Um cliente iniciante, por exemplo, poderia adquirir um Volkswagen Cross Fox na 'Finavel' pagando entradas de menos de R$ 2,5 mil e parcelas mensais de até R$ 350, distribuídas em 70 meses ou mais. A proposta tentadora era negociada com o cliente via telefone e no próprio site, com o preenchimento de contratos e recibos por e-mail. Fora o veículo, os compradores ainda podiam solicitar serviços como financiamentos de seguro e fretes para a entrega do produto, gerando pacotes de entrada de até R$ 5,8 mil.
Após o pagamento desse valor, no entanto, as vítimas do golpe ficavam de mãos abanando. Tanto os carros quanto a própria empresa não passavam de mentira. 'Eles aplicaram esse tipo de golpe em pessoas que viram as propostas naquele site, todo organizado e com CNPJ da empresa, e não resistiram, achando que se tratava de uma empresa séria que vendia abaixo do preço de mercado', afirmou a delegada Beatriz Machado, titular da DRCT. 'Mas a verdade é que todo tipo de compra na internet possui riscos. Ainda mais no caso de produtos caros, como os veículos', disse.
Para gerir o 'negócio', a quadrilha abriu pelo menos 14 contas bancárias no nome de seus próprios integrantes e de 'laranjas'. Alguns membros, como o paraense Sílvio Souza e o amazonense Washington Viana, eram responsáveis por tomar conta da publicidade, pagando anúncio em jornais, enquanto outros cuidavam das contas bancárias - o caso de Júlio César e de outros 'chefes' do grupo, ainda foragidos. Cada uma das empresas respondia por uma região - a 'Finavel' no Norte e a 'Cris Autos', no Nordeste -, mas eram geridas pela mesma quadrilha.
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