quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Procura-se um bom argumento no caso do italiano Battisti

Do leitor Francisco Rocha Junior, um dos ases do Flanar, sobre a postagem Refugiados, uma decisão soberana do Brasil:

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Vou meter o bedelho por aqui, como já fiz lá no Quinta Emenda.
Reproduzo abaixo o comentário que fiz ao post do Juca, que também repercutiu as palavras do professor Dalmo Dallari:

Tenho empreendido um debate sobre o tema com o Itajaí, lá no Flanar (http://blogflanar.blogspot.com). Ainda não consegui ler um único argumento a favor da concessão do asilo que me tenha convencido. Sempre falta algo; em meu entendimento, a tática da defesa de Battisti é a da omissão de aspectos e fatos importantes sobre o assunto.
No caso do professor Dallari - de cujos argumentos, por sua força moral e pela inteligência com que são sempre suscitados, é sempre muito difícil discordar, mas que nesta hipótese parece querer justificar ideologicamente a decisão, o que não me parece razoável - vejo que, mais uma vez, campeia a omissão. Vejamos:
1. os defensores de Battisti repetem à exaustão o argumento de que dois dos crimes foram cometidos simultaneamente, um em Udine e outro em Milão, e que ele não tem, obviamente, o dom da ubiqüidade. Até onde sei, em um ele foi condenado por ação direta e noutro como mandante;
2. são 04 (quatro) os crimes pelos quais Battisti foi condenado. Os defensores do asilo só se reportam a estes dois crimes. Os demais, parece que não são válidos;
3. também não ficou claro que o testemunho único do delator tenha sido usado em todos os processos. Até onde consegui saber, a prova testemunhal só foi usada em um ou dois dos quatro processos por homicídio em que Battisti foi réu;
4. sob o manto do crime político, pretende-se na verdade acobertar a prática de crimes comuns, que Battisti cometeu na época em que era militante dos Proletários Armados pelo Comunismo. Sua simples vinculação a um grupo revolucionário que pregava a luta armada não desqualifica os atos que cometeu, de crimes ordinários para crimes políticos. Afinal, os militantes do MST que invadiram e depredaram a Câmara dos Deputados, há 2 anos, poderiam ser enquadrados como praticantes de crimes políticos ou de opinião? E olha que eles não mataram ninguém;
5. na tentativa de diferenciar os PAC das Brigadas Vermelhas, o site Mídia Independente diz que os primeiros não pretendiam a tomada do poder, e sim "conseguir o controle do território mudando o balanço de poder em favor das classes subalternas e em particular de seus componentes jovens" (os grifos são meus). Se isto não é a tentativa de reversão (ilegítima, por sinal, porque completamente descontextualizada historicamente e sem respaldo popular) e tomada do poder, é o que, então?
6. no governo supostamente 'forte de extrema direita' aludido pelo professor Dallari, sob cuja vigência Battisti cometeu seus crimes alegadamente políticos, o Partido Comunista Italiano tinha assento em conjunto com o Partido Democrata Cristão de Giulio Andreotti e era o segundo maior partido da Itália;
7. finalmente, como eu já disse lá no Flanar, os esperneios das autoridades italianas não chegaram, até o momento, ao ponto de pressão a que alude parte da mídia brasileira. Pelo contrário: a maior pressão é de outros órgãos da própria mídia nacional, e não do governo do país da bota. O problema é a antipatia natural (eu também a sinto) da esquerda brasileira pelo governo de Silvio Berlusconi, a quem atribuem a intenção (não declaradas ou comprovadas) de matar Battisti, caso ele retorne à Itália. Mas isto é mera suposição, que não pode sustentar a decisão do ministro Genro. Afinal, como governo legitimamente eleito - e não creio que alguém possa por em dúvida a legitimidade e a legalidade da representação de Berlusconi, para o bem ou para o mal - a responsabilidade pela integridade do condenado será sua, se for entregue à Justizia.
Desculpa-me o comentário algo longo. Há muito o que ser dito, neste caso.

5 comentários:

Anônimo disse...

Ô cumpanheiro Battisti, aproveita o FSM, te manda aqui pra Belém, fica por aqui.
O gobierno da mudança vai te arranjar um bico como "aspone-DAS" na Rotam!

Francisco Rocha Junior disse...

Ás é você, PB.
Obrigado pela repercussão do meu comentário. Peço desculpas, ainda, pelos erros de português que só notei terem se infiltrado no texto após sua releitura.
Abração.

Anônimo disse...

Certo, o comentarista decretou que o único argumento que ele aceita é seu próprio argumento e estamos conversados;

Anônimo disse...

O senhor Francisco Rocha mandaria, de coração leve, Sacco e Vanzetti para a forca, Dreyfuss para a ilha do Diabo e Giordano Bruno para a fogueira, porque a justiça é infalível.

Anônimo disse...

Anônimo das 18:36, a Justiça é falível, em qualquer lugar. Agora, pelo seu argumento quem é infalível é o ministro Tarso Genro. Então tá!

Anônimo das 18:33, o argumento do Francisco é o mesmo de milhares de cidadãos, ao contrário, dos que defendem o pseudo "asilo político" do terrorista-assassino Battisti. Este sim, uma patacoada de amigos de armas.