domingo, 4 de janeiro de 2009

Invasão de Gaza expõe a divisão de líderes europeus

Na FOLHA DE S.PAULO:

O início da ofensiva terrestre de Israel contra a faixa de Gaza expôs as divergências da União Europeia (UE) sobre a crise, no momento em que Israel tem o apoio firme dos EUA.
O racha se traduziu principalmente entre a França, que presidiu o bloco até a semana passada e continua ativa na mediação do conflito, e a República Tcheca, que acaba de assumir a presidência da UE.
Horas depois de Paris condenar a ofensiva terrestre contra Gaza, um porta-voz da presidência tcheca da UE defendeu-a, dizendo que se trata de uma "ação defensiva, não ofensiva".
A declaração despertou críticas imediatas da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e de outros governos europeus.
Londres fez questão de responder que "[o apoio ao ataque] não é a posição do governo britânico". O Reino Unido preferiu ressaltar que "os fatos revelam a necessidade de um cessar-fogo imediato" e pediu "intenso esforço diplomático em busca de uma solução".
Na prática, Londres acabou fazendo coro com outras capitais europeias, que criticaram a escalada da violência mas se esquivaram de cobrar abertamente o fim dos ataques -o bloco europeu considera o Hamas um grupo terrorista.
A Espanha anunciou que o chanceler Miguel Angel Moratinos telefonou ao presidente da ANP, Mahmoud Abbas, para manifestar o apoio de Madri. Abbas, membro do partido secular Fatah, é inimigo do Hamas e não tem nenhuma autoridade sobre a faixa de Gaza, dominada pelo rival religioso.
Em tom mais crítico, o Brasil "deplorou" a ofensiva terrestre em Gaza, que "tende a agravar ainda mais o conflito israelo-palestino", e conclamou os dois lados a um "cessar-fogo imediato, de modo a permitir a pronta retomada do processo de paz". O governo americano se disse "preocupado" com os moradores de Gaza, mas recusou-se a pedir um cessar-fogo. Washington afirmou que qualquer negociação deve ter como objetivo uma trégua "durável e sustentável".
A invasão da faixa de Gaza ocorreu às vésperas do início de discussões no Conselho de Segurança da ONU em que seria apresentada uma proposta árabe para um cessar-fogo. Ela também coincidiu com manifestações de apoio aos palestinos em várias cidades europeias. O maior protesto reuniu 25 mil em Paris.

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