sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Presos falam de assassinato

No AMAZÔNIA:

Walber Santana Muniz Franco, o “Negão”, 30 anos, e Diego Carvalho da Conceição, o “Bisteca”, 23, garantiram, ontem à tarde, em entrevista ao jornal Amazônia que o plano deles era roubar o advogado José Francisco Vieira, do Grupo Líder, morto no pátio da casa dele na manhã da sexta-feira passada. Ambos ex-presidiários e detidos pela Polícia Civil na última quarta-feira, eles afastaram a possibilidade de que a morte do advogado tenha sido um crime de encomenda. “Entremo (sic) para pegar alguns objetos, o dinheiro. Só que não deu certo, aconteceu o que aconteceu”, afirmou.
Durante a entrevista, “Negão” citou, em vários momentos, o fato de as câmeras do circuito interno terem mostrado que o acusado não entrou na residência e, portanto, não atirou no advogado. “Negão” já esteve preso por roubo e homicídio. E estava em liberdade condicional havia 18 dias.
Diego Carvalho da Conceição, o “Bisteca”, 23 anos, afirma que tinha a informação de que, na casa do advogado, haveria R$ 80 mil. Ele também minimizou sua participação no assassinato, afirmando que sua tarefa era apenas a de “passar o pano”. Ou seja, observar a movimentação nos arredores da casa, enquanto seus comparsas realizavam o roubo. “Bisteca” garantiu não saber a razão pela qual o advogado foi morto, crime que, segundo os policiais, foi praticado por Emerson Viana, o “Cearazinho”. Segundo os policiais civis, “Bisteca” é acusado de, na última segunda-feira, ter matado um homem no bairro do Jurunas.

Confira os trechos principais da entrevista.

“ACONTECEU”, AFIRMA “NEGÃO”

Câmera revelou tudo
“Já foi tudo dito na câmera, entendeu? A filmagem mostra lá o que aconteceu. A participação minha. A câmera vê tudo”.

Participação
“A minha participação foi ter saído do carro. Eu cheguei até o portão. A câmera mostrou que eu não entrei. Estava fechado o portão”.

“Se o portão estivesse aberto eu com certeza teria entrado, mas o portão estava fechado... Não era para acontecer o que aconteceu, mas aconteceu, né?”

O crime
“Entremo (sic) para pegar alguns objetos, dinheiro, só que não deu certo, aconteceu o que aconteceu...”.

“Ali não foi nada montado, foi uma coisa de rapidez. Mas uma coisa eu deixo bem claro: não era para acontecer o que aconteceu. Lamento. Entrego na mão de Deus.

Expectativa
“Que a Justiça seja feita. Que não tenha uma injustiça comigo. Não quero que, depois que sair daqui, de frente da câmera (do fotógrafo), me maltrate (sic) lá dentro, me mande matarem (sic) lá dentro. Lamento pelo fato de ter acontecido. Quero que pessoas aí, autoridades, promotor, juízes, as pessoas que estejam cientes desse caso não esqueçam de mim, entendeu? Não é porque eu cometi esse ato que vou ser desprezado (tratado) como monstro, como um bicho, entendeu? Quero se tratado como ser humano. Todo mundo erra. Esse erro meu aí foi... Aconteceu o que aconteceu. E volto a falar que não quero injustiça contra minha pessoa lá dentro. Sou uma pessoa muito humilde, vou ficar sem advogado lá dentro (da cadeia). Vou esperar por Deus. A câmera mostra tudo. Não conheço ninguém, foi coisa de momento, foi tudo rápido”.

Arrependimento
“Arrependido acho que todos nós se arrepende (sic) de coisa que a gente faz, desde que a coisa não seja muito favorável à gente”.

Saúde frágil
“Tenho um problema muito grave no pulmão. Só tenho um pulmão. Foi lá dentro do cárcero (cárcere), é uma coisa que fica muito escondida, as pessoas aqui de fora vêem de outro modo, os direitos humanos esquecem a gente lá dentro, a gente não tem chance de recuperação de maneira alguma, trabalho... É muito imundo lá dentro, é coisa mesmo que não é para ser humano. Devido a isso, eu peguei enfermidade lá dentro, tuberculose, pneumonia, água na pleura, quase que morro. Passei três meses e três semanas no (hospital) Barros Barreto. Isso foi há um ano e pouco (à época, ele estava no Centro de Recuperação Americano 2). Eu tava pagando condenação (a Justiça o condenou) e fiquei doente”.

“BISTECA” QUERIA ROUBAR R$ 80 MIL

O assassinato
“Isso nós aí não entendemos. Foi uma situação muito rápida. Quando eu escutei o “pipoco” (tiro) é que eu varei (fugi)”.

O plano
“O plano era o seguinte, nós ir atrás (sic) do nosso objetivo, que era o dinheiro. O outro já matou ele não sei por que foi não”.

“Eu estava lá para a rua (dos) Tupinambás”.

O dinheiro
“O nosso objetivo era o dinheiro. Não era para estar matando ninguém, não, “tá” entendendo? Nós não entendemos foi isso. Porque o cara matou ele lá. Foi muito rápido”.

“Diz-se que era (havia) R$ 80 mil, está entendendo?”

“Nosso objetivo era pegar o dinheiro. Aí, tem aquele porém. Um para cada lado, tá entendendo? Era isso”.

O bando
“Que eu sabia, nós só era (sic) quatro mesmo. Mas já falaram que tem mais um”.

Arrependimento
“Estou sim (arrependido). O que nós queria saber (sic) mesmo era a realidade, porque o cara matou o cara, está entendendo? Isso aí que nós não botemos (sic) na mente. A gente não sabe mesmo”.

Contrato
“Ninguém foi contratado para matar ninguém”.

Informações
“Eu era o mais neutro disso aí, eu”.

“Porque eu não sabia de muita coisa não”.

Participação
“A minha participação era só passar o pano mesmo (observar a movimentação em torno da casa)”.

O tiro
“Eu ouvi o tiro e eu e o outro (um homem de apelido “Remédio”) rasgamos (fugiram)”.

“Negão” e “Cearazinho”
“(Conheço o “Negão”) Da cadeia (Presídio Estadual Metropolitano 1, em Marituba).

“Não conheço esse moleque aí, não (“Cearazinho”).

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, patético, tadinhos.
Vai ver, precisam de medidas "sócio-educativas"...
Vai ver, são "vítimas dessa sociedade-burguesa-opressora"...
Tão carentinhos de direitos humanos que, apesar das fichas criminais; de saber das maravilhas das prisões, tão logo saem de uma "cana" não pensam duas vezes em arquitetar novos crimes!
Fazem, sim, por saberem que invariavelmente não passam muito tempo na prisão; sempre tem as benesses da cega-surda-muda justiça.
Sai baratinho tirar uma vida.
Ora se sai.