No AMAZÔNIA:
Em dois anos, Hamilton é o quinto jogador a obter do paysandu os direitos federativos na justiça do trabalho
As estruturas deficientes dos clubes paraenses e a incompetência de administrações passadas os transformam em vítimas. É o caso do Paysandu, que acaba de perder na Justiça do Trabalho os direitos federativos sobre o atacante Hamilton, além de receber notificações de três novas ações movidas por jogadores e funcionários. A mais vultosa em termos financeiros é a movida por Mauro Nazareno Moraes, um ex-funcionário do setor administrativo do clube que reivindica o pagamento de aproximadamente R$ 400 mil.
Já o ex-zagueiro Luís Henrique, que atuou pelo Paysandu no início da década, cobra um montante de R$ 64 mil referente a salários atrasados e FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) não recolhido pela diretoria da época.
O único caso que envolve um jogador contratado pela atual administração bicolor é o do lateral-esquerdo Sousa, de 25 anos, ex-Vila Rica/Cametá. No final da semana passada, ele recolheu todos os seus pertences do vestiário e foi embora da Curuzu. Após alguns dias sem saber de seu paradeiro, o Departamento Jurídico do clube descobriu que o jogador entrou com uma ação na Justiça requerendo seus direitos federativos. A alegação do atleta, que praticamente não foi aproveitado na Série C do Campeonato Brasileiro, é de que estaria sem receber salários há mais de três meses.
Caso consiga sua liberação pela via judicial, Sousa será o sexto jogador a obter vitória sobre o Paysandu nos últimos dois anos. O curioso é que a maior parte deles acabou voltando ao clube após conseguir a posse dos direitos federativos - casos do lateral-direito Claydir, do meia-atacante Rafael Oliveira e dos atacantes Moisés e Nildo Júnior. Outro que conseguiu a 'liberdade' recentemente foi o atacante Hamilton.
Há cerca de um mês, na ocasião da eliminação da equipe do Campeonato Brasileiro da Série C, o jogador entrou em litígio com o clube e agora, no início desta semana, enfim, conseguiu uma decisão que o possibilita trabalhar em outro clube. O jogador também alegou salários atrasados há mais de três meses e também o não recolhimento do FGTS.
Com 21 anos, Hamilton é considerado um jogador de futuro. Há dois anos, era o principal artilheiro das divisões de base bicolor e havia sido promovido este ano para o elenco profissional. O atacante até teve uma oportunidade no time alviceleste, quando marcou o gol de honra na derrota por 2 a 1 diante do Castanhal, ainda no primeiro turno do Campeonato Paraense. Mas acabou sendo colocado em segundo plano pelo técnico Dário Lourenço durante a Terceirona.
A atitude causou estranheza e indignação na diretoria do clube. O diretor de futebol, Antônio Cláudio da Costa, o Louro, reprovou a decisão do atleta, criado nas divisões de base do Papão. 'Eu não tomaria esta atitude porque levaria em consideração o que o clube já fez por mim no passado', ressaltou Louro. 'O Paysandu tem quase 100 anos de história e o alvo dele é ter os direitos federativos para procurar outro clube. Cada um escolhe a forma de sair.'
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